terça-feira, 12 de maio de 2015

Sailson José das Graças: O Maníaco da Baixada





Assassino da Baixada mutilava animais na adolescência

“Se tiver sangue, eu quero”

Por volta dos 13 anos, na conversa sobre filmes com uma tia, Sailson José das Graças já demonstrava a vocação para a violência. Pouco antes, após a morte do pai, eletrocutado num acidente de trabalho, ele começara uma onda de crueldade contra animais, com direito a afogamento de gatos, além de cães com membros decepados. Preso em flagrante, por assassinar uma mulher a facadas, Sailson, garante ter executado outras 42 pessoas.

Nascido e criado no Autódromo, sub-bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o homicida confesso era “uma criança levada, mas normal”, como descrevem os parentes. As peripécias infantis, contudo, geravam duras surras do pai, o pedreiro Sebastião José, que empregava cintos e varas de madeira nos “corretivos”. Apesar disso, fotos no álbum de família mostram um menino sorridente, de ar inocente.

Sailson José das Graças

Sailson, por volta dos 3 anos, no colo do pai.

Depois da morte de Sebastião, quando tinha 11 anos, essa inocência foi ficando de lado. Quando o filho chegou aos 16, já apresentando episódios de brutalidade, a mãe confessou a uma irmã, evangélica como ela e todos os outros familiares: “Estou muito preocupada, agora ele está querendo ir a baile (funk)”. Foi nessa época que ele parou definitivamente de frequentar a igreja. 

Um ano mais tarde, período em que alega ter feito sua vítima número 1, veio também o primeiro vexame público. Sailson entrou na casa de um vizinho enquanto a mulher do dono da residência tomava banho. Ele alegou que tentava buscar uma pipa, mas a história não colou. A mãe, envergonhada, mudou-se com ele e as duas irmãs para Vila de Cava, também em Nova Iguaçu. 

Sailson, à direita, de camisa listrada, em uma festa infantil da família. 

A troca de endereço se tornaria uma rotina. No novo bairro, Sailson roubou bombas d’água e voltou a invadir casas. Em dado momento, chegou a tentar enforcar a filha de uma amiga da mãe, de apenas 2 anos. Em agosto de 2007, aos 19 anos, foi parar atrás das grades, e acabou condenado a quatro anos e meio de prisão por roubo.

Se antes se mudava por vergonha, a mãe de Sailson passaria a procurar novas casas por medo. Nos últimos tempos, depois de ser ameaçada com uma faca, trocou de lar a cada três meses, aproximadamente. “Ela temia pelas outras duas filhas (de 23 e 25 anos)”, contam vizinhos. “Nem eu sei onde ela está vivendo agora”, afirma uma irmã. 

Sailson na delegacia, após ser preso Foto: Guilherme Pinto

Há cerca de 2 anos, uma reaproximação colocou a família reunida novamente em Corumbá, no mesmo local que, mais tarde, Sailson viria a dividir com Cleusa Balbina e José Messias, presos junto com ele por suspeita de participação em seus crimes. Durou pouco, e logo a mãe voltou a debandar na companhia das filhas.

Em maio último, outra tentativa. Depois de ser baleado em um assalto, Sailson encontrou toda a família num culto, onde prometeu entrar na linha. Na saída, sob o olhar esperançoso da mãe, disse: “Era tudo fingimento. Eu não consigo parar, é mais forte do que eu”.


Serial killer da Baixada: 'Tinha prazer quando ela se debatia e me arranhava' 

Sailson José das Graças, que confessou te matado mais de 40 pessoas, afirma que tem vício em matar mulheres brancas 

Rio - "Eu tinha prazer quando ela se debatia, gritava e me arranhava". Foi assim que Sailson tentou justificar as mortes de 38 mulheres nos últimos nove anos. Ele confessou ter matado mais quatro pessoas, a mando de sua cúmplice, Cleusa Balbina, e uma criança de dois anos. O assassino disse no final da manhã desta quinta-feira que sentia prazer no momento em que tirava a vida das suas vítimas.

"Eu parava na padaria, numa praça, ficava vendo jornal. Olhava para uma mulher e falava: 'é essa'. Ia seguindo até em casa, mas nunca estuprei ninguém. 

Mulher pra mim tinha que ser branca, negra não, por causa da minha cor.
"Eu tinha prazer quando ela se debatia, gritava e me arranhava. Eu pensava que eu era meio maluco, às vezes normal", disse

De acordo com o delegado da DH Baixada, Sailson José das Graças sentia prazer em estrangular as mulheres e se masturbava em seguida. Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Demonstrando muita frieza e calma, Sailson afirmou ser viciado em matar:

"A primeira mulher que eu matei foi estrangulada com as mãos. Sentia prazer, gostei! Tinha um desejo muito forte. Já matei umas 38 mulheres, tinha vício", garante o serial killer, que se arrepende de apenas um crime.

"Não me arrependo e parar de matar é difícil. Saindo da cadeia, voltaria a matar novamente outras 38 mulheres. Só me arrependo no caso da criança, mas não teve jeito. A criança chorava muito e poderia acordar os vizinhos", lembra.

Segundo do delegado assistente da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Marcelo Machado, Sailson cometia ato libidinoso após matar as vítimas.

"Em algumas ocasiões, ele matava as vítimas e se masturbava ao vê-las de olhos abertos", detalha.

O assassino disse que perdeu o pai tragicamente quando tinha apenas 11 anos, durante um acidente de trabalho. Mas ele garante que não foi esse episódio que o fez a ter vontade de matar.

"A morte do meu pai quando eu tinha 11 anos, em que ele foi eletrocutado num acidente de trabalho, me marcou muito. Mas esse não foi o motivo de ter cometido esses crimes".

Acusado de ser o articulador da morte de Fátima Miranda, José Messias também foi preso. Além dele e de Sailson, a polícia prendeu Cleuza Balbina

Sailson, Cleusa e José Messias, outro preso, moravam na mesma casa em Corumbá, bairro de Nova Iguaçu. De acordo os agentes da DH Baixada, a morte de Fátima Miranda, na última terça-feira, foi o pontapé inicial para prender o trio e destrinchar essa inacreditável história.

"Tudo começou no dia 9, quando fomos chamados para um homicídio em Corumbá, em Nova Iguaçu. Três suspeitos foram conduzidos para a delegacia (José Messias, Cleuza e Sailson). Traçamos o perfil dele. Ele tem prazer em matar mulher. Ele esgana as mulheres com as mãos".


Segundo as investigações, quatro assassinatos que aconteceram nos últimos dois meses (Francisco Carlos Chagas, morto no dia 23 de outubro; Paulo Vasconcellos, morto no dia 12 de novembro; Raimundo Basílio da Silva, morto no dia 30 de novembro e a Fátima) foram por ordens de Cleuza. O delegado Marcelo Machado disse que outras pessoas estavam marcadas para morrer.

"O Sailson contou que teria uma lista para matar outras pessoas na próxima semana, a mando da Cleuza. Porém, a lista não foi encontrada". 

Já o delegado titular, Pedro Henrique Medina, não descarta a hipótese de Sailson ter inventado todas essas mortes. Porém, tudo leva a crer que ele realmente cometeu os crimes por conta dos detalhes contados durante o depoimento. 


Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada apreenderam a faca utilizada por Sailson José das Graças para matar Fátima Miranda, de 62 anos, em Nova Iguaçu 

"Tudo indica que não, porque ele esta dando detalhes com riqueza. Inclusive, num dos crimes, ele disse que quebrou uma faca na perna de uma vítima. E isso foi confirmado"

Sailson já foi preso por roubo em agosto de 2007, preso por furto em janeiro de 2007, porte ilegal de armas, fevereiro de 2010 e furto privilegiado, em 23 de fevereiro desse ano. Agora, os policiais pedem que familiares de vítimas mortas por estrangulamento compareçam na delegacia para ajudar nas investigações. 

Modus Operandi 

“Ficava observando a vítima, estudando. Esperava um mês, às vezes uma semana, dependendo do local. Eu procurava saber onde ela mora, como é a família dela, se ela passava na rua, via, dava uma olhada na casa, ficava estudando ela. De madrugada, numa brecha da casa, numa facilidade, eu aproveitava, entrava”, detalhou o preso na delegacia. 

As vítimas preferidas dele eram mulheres brancas e moradoras Baixada Fluminense. O delegado responsável pelas investigações afirmou que acredita na confissão e na participação de Sailson nos assassinatos, pois só uma pessoa que estava nos locais dos crimes poderia relatar tudo com tantos detalhes.




“A vontade dele de matar era por mulheres e ele não matava mulheres negras, só brancas. Ele seguia a vítima, estudava passo a passo até conseguir concretizar o delito”, explicou o delegado Pedro Henrique Medina, titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a polícia, Sailson é um psicopata e agora os agentes estão comparando as informações da confissão com os inquéritos de cada um dos crimes.

O criminosos contou que ficava mais tranquilo ao praticar os crimes. 

“Quando eu não fazia, eu ficava nervoso, andava pra lá e pra cá dentro de casa. Aí quando eu fazia já ficava mais tranquilo. Fazia uma vítima ali, aí podia ficar uns dois meses sem fazer, uns três meses. Ficava na boa, só pensando naquela que eu matei. Aí, saía para a caçada”, afirmou.

O homem também revelou o que fazia para não ser identificado e afirmou que não tinha medo de ser preso, pois gostava de cometer os crimes.

“Eu não matava com preocupação de ir pra cadeia não. Fazia as coisas bem feito, é por gostar mesmo isso. Preocupava mais com a digital, se o local tem câmera, se o local não tem câmera. Eu não levava documento, não levava nada que desse pista para a polícia”, disse.

'Eu gostei e comecei a acostumar', diz assassino

Durante o depoimento, ele ainda confessou a morte de uma criança de dois anos e disse que cometeu o crime porque tinha medo que os vizinhos ouvissem o choro dela depois que a mãe foi assassinada. Sailson falou aos policiais que começou a cometer crimes ainda na adolescência.

Comecei a roubar coisas pequenas, fazer pequenos furtos. Aí fui crescendo e tendo outros pensamentos diferentes. O pensamento foi mudando, entendeu? De roubar, fui começando a pensar em matar. Com 15 anos, roubava bolsa. Depois, com 17, eu matei a primeira pessoa. Deu aquela adrenalina, a primeira mulher. Aí veio na mente a cadeia. Será que eu vou preso? As coisas fluíram bem. Aí foi vindo na mente de fazer mais e mais. E eu gostei e comecei a acostumar”, disse ele, friamente.






O delegado Pedro Henrique Medina ficou surpreso com o relato do criminoso e afirmou que a riqueza de detalhes do depoimento indica a participação dele nas mortes.

“Confesso que é a primeira vez que eu vejo um elemento com a psicopatia de um serial killer. Apesar desses casos serem retomados agora, a gente pode perceber uma riqueza de detalhes muito grande. Em alguns casos que ele noticiou aqui e já fizemos uma busca em sistema já evidenciamos mulheres ou pessoas que ele executou de uma forma em determinada localidade do cômodo. Sinais que só a pessoa que estaria na cena do crime teria essa impressão”, afirmou o delegado.

Sem arrependimento

Os assassinatos foram cometidos ao longo de nove anos. Durante o depoimento, ele também disse que mata por encomenda, a pedido de uma mulher e do ex-marido dela, que também foram presos pela polícia. 

“Ela me bancava. Em troca disso, era água, comida, teto, roupa nova, dinheiro pra mim (sic) comprar as necessidades. Tudo por conta deles e, em troca disso, a alma dos caras”, afirmou. 

Após diligências, os agentes localizaram e prenderam Cleusa Balbina, José Messias e Sailson Jose das Graças, que apresentaram informações contraditórias.

Com muita frieza, ele também revelou não ter arrependimentos. “Não me arrependo não. Pra mim o que fez, tá feito. E não volto atrás, não tenho nenhum arrependimento. Se eu sair daqui a uns 10, 15 ou 20 anos, eu vou voltar a fazer a mesma coisa. É a vontade mesmo, não tem jeito. Eu saio, escolho as minhas 'mulher', as mulheres do meu perfil, e se achar que tem que ser, vai ser”, afirmou o assassino.

A polícia agora conta com a colaboração dos parentes das vítimas que foram assassinadas ao longo desses nove anos para obter informações que colaborem com as investigações. Ele passou a noite na Divisão de Homicídios e deve ser levado, na manhã desta quinta-feira (11), para um presídio no Rio de Janeiro.







Facebook de Sailson

Em sua página no Facebook, Sailson mantém fotos de 2012 e 2013. Algumas inclusive com amigos. Ele tem poucas amizades, a maioria com mulheres. O que mais chama a atenção são os filmes que ele curte: de terror e sobre assassinatos.

Facebook de Sailson José, que confessou a morte de 42 pessoas na Baixada 

'Ele analisava todas. Poderia ter sido eu', diz vizinha de serial killer
Mulher relatou comportamento de assassino da Baixada. Ex- marido comparsa tem medo de reação em bairro

Rio - Uma das vizinhas de Sailson José das Graças, detalhou o perfil do serial killer da Baixada. E.C., 29 anos, definiu Sailson como uma pessoa estranha. 

"Ele ficava no portão da casa dele olhando as mulheres que passavam, analisando cada uma. Era um olhar intimidador. Eu cheguei a ficar com medo dos olhares, mas nunca imaginei que ele seria capaz de matar alguém. Eu poderia ter sido uma das vítimas", disse a mulher ao DIA .

E.C. ainda revelou que Sailson, antes de ir morar com Cleusa Barbosa e José Messias em outra casa do bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, vivia com a mãe e as duas irmãs. As meninas, segundo ela, eram vítimas dos rompantes de violência do acusado. 

"Há três anos, ele batia muito nas duas irmãs. Cansei de escutar gritos e ver as meninas chorando no portão. Uma delas chegou a entrar em depressão. A mãe, cansada de presenciar as brigas, saiu de casa com elas. Era uma pessoa muito violenta. Ele ficou três meses morando sozinho, até surgir a Cleusa", contou.

Ex-marido de Cleusa, o auxiliar de serviços gerais Francisco Barros de Andrade, 60 anos, relatou que a mulher sempre foi ambiciosa.

"É uma pessoa que sempre fez muita questão de dinheiro. Acabou estragando a vida dela e a dos outros. Dentro da casa deles, era uma bagunça. Ela já morava com o Sailson até surgir o José Messias", afirmou. 

Francisco também demonstrou preocupação com a revolta dos vizinhos com o caso. "Durante a visita da polícia, algumas pessoas ficaram gritando contra mim porque fui dar assistência aos policiais. Eu não tenho mais nada a ver com a Cleusa. Tenho dois filhos, um de 23 e outro de 24 anos, e o mais novo sofre de esquizofrenia. Pedi que eles poupassem meus filhos das ofensas", explicou.

Populares se revoltaram com caso: 'Vamos te matar'

Cleusa levou agentes até a casa onde residia com José Messias e Sailson. Vizinhos ameaçaram matá-los caso fossem soltos Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

"Nós vamos te matar. Queremos justiça! Assassina, monstra! Se soltarem vocês, nós vamos matar", gritaram dezenas de moradores, que cercaram o carro da polícia durante a diligência. A faca apreendida, semelhante às de açougueiro, estava com manchas de sangue. Além de Cleusa, uma testemunha que teria presenciado um dos crimes de Sailson acompanhou os agentes. Sua identidade foi preservada para não atrapalhar as investigações.

O clima no bairro é de revolta. Um morador que não quis se identificar informou que vizinhos cogitaram a ideia de incendiar o imóvel onde Sailson, Cleusa e José moravam, mas desistiram da ideia. "Todo mundo está muito revoltado com o que aconteceu. Depois da morte da Fátima, o Sailson e a Cleusa foram beber em um bar e falaram alto que haviam cometido o crime. Todo mundo aqui ficava desconfiado com ele, por ser muito calado. Agora, já o chamam por aqui de 'Maníaco do Corumbá'", disse.


Jovem conta como foi atacada a facadas por suposto matador em série

LUIZA FRANCO
DO RIO

Uma jovem de 21 anos, que diz ter sido vítima do suposto assassino em série Sailson José das Graças, 26, prestou depoimento à Polícia Civil no fim da tarde desta quinta-feira (11) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

A balconista Cíntia Ramos Messias, 21, é filha de José Messias e enteada de Cleusa Balbina, suspeitos de ser mandantes do assassinato de Fátima Miranda. Foram as investigações desse crime que levaram a polícia até Sailson, que posteriormente disse à polícia ter matado 43 pessoas, alguns a mando do casal.

"Eu já a vi [Cleusa] planejando, mas achava que ela não tinha condições. Nem ela nem o Zé Pretinho [apelido do pai]", afirmou a jovem na porta da delegacia em tom calmo.

Cíntia diz ter levado 12 facadas de Sailson no último dia 8 de setembro. Segundo ela, Cleusa teria ordenado o crime, pois pretendia ficar com a guarda da filha da jovem, que hoje tem dois anos. Cíntia foi chamada para depor depois de Sailson mencionar seu nome em depoimento.


"Cíntia Ramos Messias, uma das vítimas do suposto serial killer, exibe cicatrizes de facadas"

Segundo os delegados Pedro Medina e Marcelo Machado, os relatos da tentativa de homicídio sofrida por Cíntia batem com os detalhes contados pelo suspeito.

"Ele me pegou no portão de casa já botando a faca nas minhas costas, conversou comigo normalmente, friamente, e falou que não era um assalto, que tinha sido mandado para me matar", contou Cíntia. 

Segundo o relato dela, usando um capuz, Sailson a levou para um terreno baldio, onde a esfaqueou. "Ele vinha pra me dar as facadas, mas eu tentava segurar. A primeira foi no pescoço, depois na barriga e uma embaixo do peito". Segundo Cíntia, a última facada, no peito, fez o sangue jorrar para muito longe. "Fazia até barulho", diz ela. 

Para Cíntia, o assassino a deixou no local do crime ainda com vida pois acreditava que ela morreria logo, devido à gravidade desse último ferimento. Ela diz que ficou no local por uma hora e meia, até ser socorrida e levada para o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. 

Cicatriz de facada no pescoço de Cíntia

Cíntia diz que chegou a dar depoimento na 58ª DP, mas o caso permaneceu sem solução até agora. 

"A polícia falou que não podia fazer nada no meu caso porque eu não tinha morrido. Essa foi a resposta que eles deram para mim e para o meu sogro", diz. Segundo ela, a faca usada no crime foi encontrada. 

Cíntia também contou que chegou a reconhecer Sailson quando o viu na casa do pai e que Cleusa os apresentou. "'Esta é a mãe da minha neta', ela disse. Ele só balançou a cabeça. Eu bebi água e fui embora", contou. A jovem afirmou não entender o envolvimento do pai e da madrasta nos supostos crimes e diz que agora pretende seguir adiante. "Minha vida não pode parar por causa deles. Eu não fiz nada de errado, foram eles. Então quem tem que parar a vida são eles, não eu", diz ela, com lucidez.


Cleusa mandou Sailson matar vizinha que não a apoiou em processo para administrar salário de filho doente

Cleusa em foto de 1994 com seus dois filhos Foto: Reprodução / Extra

Cleusa Balbina de Paula e Fátima Miranda eram vizinhas em Corumbá, Nova Iguaçu. Evangélica, Fátima não concordava com o modo de vida da vizinha, que colecionava ex-namorados no bairro, mas as duas se respeitavam e conviviam em paz. As diferenças entre as duas se acentuaram, contudo, no último dia 8 Cleusa pediu à Fátima que ela fosse testemunha no processo que julga a interdição de seu filho mais novo, esquizofrênico. O objetivo de Cleusa era administrar o salário que o jovem, de 22 anos, ganha do INSS. A vizinha se negou. Menos de um dia depois, foi morta a facadas por Sailson José das Graças, companheiro de Cleusa, no quintal de sua casa. 

Esse relato foi dado a agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) pela própria Cleusa, hoje presa pelo crime no Complexo de Gericinó. Hoje, seus dois filhos vivem com o pai no mesmo bairro em que a mãe vivia. O mais novo ainda não conseguiu acreditar no que os vizinhos não param de comentar: que sua mãe teria encomendado à Sailson a morte de Fátima e outras três pessoas, como afirma a polícia. 

— "Ela não era assim. Não dá para acreditar ''— limita-se a dizer o garoto.

Filho de Cleusa: 'Ela não era assim. Não dá para acreditar' Foto: Rafael Soares / EXTRA

Já seu ex-marido, hoje com 66 anos, tem raiva da mulher com quem tem dois filhos. Os dois se conheceram em 1987, quando Cleusa — então com 16 anos, recém-chegada de Juiz de Fora, em Minas — trabalhava na casa de um casal em Corumbá em troca de comida e moradia. Em 1996, quando os filhos tinham 5 e 6 anos, Cleusa saiu de casa para morar com uma mulher. Nunca mais voltou. 

"Ela era uma mocinha, mãe de família. Podia ter tudo que quisesse. Mas hoje é outra pessoa. Matar alguém porque quer ficar com o dinheiro do filho doente é muita maldade", afirma o ex-marido. 

Ele ainda contou que, duas semanas antes da morte de Fátima, foi procurado por Cleusa para que testemunhasse a favor da interdição do filho. Diante da negativa, ela se irritou: “Você não sabe o que pode te acontecer”, teria dito, segundo o homem. 


Casa onde Sailson morava com companheira e amante já tem novos inquilinos

Ao fundo, atrás do carro, a antiga casa de Sailson; ao lado, os móveis retirados Foto: Paolla Serra


A casa de quatro cômodos e fachada descascada na Rua Thomas Schwendy, no bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, já tem novos inquilinos. O imóvel encontrava-se desocupado desde a madrugada da última quarta-feira, dia 10 de dezembro, quando foram presos Sailson José das Graças, que afirma ter assassinado 43 pessoas, sua companheira Cleusa Balbino e o amante dela, José Messias — os dois últimos acusados de envolvimento em parte dos homicídios. Os três viviam juntos no endereço e mantinham um triângulo amoroso que chamava a atenção dos vizinhos.

Os novos locatários são os membros de uma família composta por seis pessoas: um casal, seus dois filhos, a irmã do marido e seu filho. Embora morassem anteriormente em um local próximo, a esposa do responsável pelo aluguel assegurou não saber que, até cinco dias atrás, a casa era ocupada pelo trio. Ela não quis conceder entrevistas.


A casa tem quarto, sala, cozinha e banheiro, além de área externa de serviço e uma pequena varanda. Sailson e seus comparsas viveram nela por cerca de um ano, pagando irregularmente o aluguel de R$ 350. A nova moradora afirma que ainda não fechou com os proprietários um valor mensal a ser cobrado pelo espaço. Nesta segunda-feira, os inquilinos recém-chegados dedicaram-se a uma faxina completa no imóvel. 

Do lado de fora da residência, em frente a um terreno baldio, encontram-se ao relento vários móveis, como três sofás, uma caixa de som e diversos pedaços de madeira. Segundo os vizinhos, o material foi retirado por ordem da senhoria, uma idosa de 82 anos, ao longo deste domingo. 

Na entrada da casa, nos tempos do trio, havia três bicicletas e uma moto Foto: Urbano Erbiste

Antes disso, ainda de acordo com pessoas que moram na mesma rua, a mãe e a irmã de Sailson estiveram na casa para recolher documentos e pertences do assassino confesso. Na última sexta-feira, outros móveis e objetos também já haviam sido levados por parentes de Cleusa.

A casa onde morava o trio, na companhia de gatos Foto: Urbano Erbiste

Fotos em celulares registram um relacionamento aparentemente descontraído entre Cleusa e Sailson, que teriam se conhecido em um forró. Em algumas imagens clicadas dentro da casa, o rapaz, de 26 anos, aparece dormindo só de cueca e camiseta. Em outra, de óculos escuro, biquíni e lenço na cabeça, a mulher faz com os dedos o símbolo de “paz e amor”. Há ainda um vídeo que mostra Cleusa dançando para Sailson, que canta e ri enquanto filma a companheira.

Cleusa e Sailson dormiam no quarto, que chegou a ser enfeitado com luzes de Natal, enquanto José se deitava na pequena área externa. Na sala, ficava, esporadicamente, o filho de um relacionamento anterior da mulher, que volta e meia aparecia para uma visita. Além dos quatro, vários gatos também espalhavam-se pelo espaço.

Sailson aparece dormindo em foto de celular Foto: Reprodução / Agência O Globo

A presença do trio gerava medo entre os vizinhos. Nos últimos meses, não foram poucas as famílias que passaram a evitar deixar suas crianças brincando sozinhas na rua. Parentes da proprietária da residência onde moravam os criminosos, um casal chegou a se indispôr com Sailson, que invadia sua casa sob o pretexto de soltar pipa na laje. 

"Eu separei um pedaço de madeira e deixava atrás da porta", conta um outro vizinho. 

Cleusa Balbina em foto no celular Foto: Reprodução

15/12/2014
Polícia confirma mais três tentativas de assassinato do Monstro de Corumbá

Com esses casos, já são 11 vítimas, sendo sete mortes

PAULO CAPPELLI

Rio - Sailson José das Graças, o Monstro de Corumbá, não perdoou nem mesmo a família da mulher que cozinhava para ele e o deixava quitar os aluguéis com atraso. A neta da aposentada Maria Amanda Monteiro Araújo, proprietária da casa onde vivia Sailson, foi perseguida por ele em maio, em Nova Iguaçu. A jovem de 19 anos revelou o caso ao DIA , mas ainda não o comunicou à polícia.

Ontem, a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) confirmou mais três tentativas de assassinato praticadas por Sailson: duas mulheres e um bebê. Com isso, subiu para 11 o número de vítimas, sendo sete mortes. Em depoimento à polícia, uma das sobreviventes, de 22 anos, disse que ele invadiu sua casa e tentou esfaqueá-la juntamente com seu filho, então recém-nascido. Os assassinatos só não teriam sido consumados por conta da chegada de um vizinho, que ouviu os gritos

Desistência

Outra mulher a prestar depoimento foi uma jovem de 17 anos. Sailson tentou estrangulá-la por três vezes, mas, por conta da resistência da vítima, desistiu de matá-la e disse que, se ela ainda não havia morrido, “é porque Deus não queria que isso acontecesse”. 

Antes de deixar a casa da jovem, no bairro Santa Rita, Sailson conversou com a garota e disse que costumava escolher “mulheres bonitas” para assassinar. Ele chegou a limpar os dedos e as unhas da vítima para que não fosse possível, em exame de corpo de delito, que a polícia o identificasse.

Rosemere consola a filha: serial killer perseguiu a jovem em maio Foto: Paulo Capelli / Agência O Dia 
Mãe relutou em denunciar

“Eu estava passando pela casa da minha avó quando vi Sailson tentando pular o muro que dá acesso à casa ao lado. Quando me viu, correu em minha direção. Me bate um terror quando vejo agora o que ele fez com outras pessoas”, conta a estudante de Enfermagem, neta da proprietária da casa alugada, que pediu para não ter o nome publicado. A perseguição, por cerca de 150 metros, entre as ruas Tomas Schwedimer e Agostinho, ocorreu há sete meses. 

Segundo a empregada doméstica Rosemere de Souza, filha de Maria Araújo, a jovem chegou em casa sem ar e chorando. “Disse para a minha mãe despejar o Sailson, mas ela acreditava que ele era um cara tranquilo, e que isso era coisa da cabeça da minha filha”, lembra Rosemere, que não denunciou o caso. “Tive medo de ir à polícia e só piorar as coisas”, lamenta.


Fontes 
http://odia.ig.com.br/
http://www.paraiba.com.br/
http://www.cenariomt.com.br/
http://extra.globo.com/



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