sexta-feira, 29 de maio de 2015

Eduardo Sebastião do Patrocínio “O Estrangulador da Zona Leste”



“A sequência de crimes se assemelha a de um serial killer. A assinatura dele é estrangulamento. Todas as vítimas dele foram mortas assim”. A frase é do delegado do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) Itagiba Franca.

Patrocínio foi casado e teve três filhos. Em 2010, o crack entrou na vida de Eduardo Sebastião do Patrocí­nio, de 42 anos. Sob efeito da droga, acumulou uma sucessão de fracassos sexuais com prostitutas viciadas. Surgia um serial killer em São Paulo.

O palhaço assassino (trabalhava como palhaço animando o público em frente a estabelecimentos comerciais) foi preso no dia 24/01/2013, 12 dias depois de ter assassinado Senira Leite de Oliveira. A garota foi colocada dentro de uma mala de viagem e largada na Rua Alarico Cavalcanti Nunes, no Itaim Paulista, na Zona Leste.

Em novembro de 2012, um crime semelhante havia ocorrido no mesmo bairro e a polí­cia passou a investigar a existência de um assassino em série. Naiara Ribeiro de Sá também havia sido estrangulada e deixada dentro de uma mala.

A delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), pediu para que seus policiais levantassem, pela etiqueta da primeira mala, qual a companhia aérea e, depois, quem era o dono do objeto.

“Era uma chinesa que morava em um condomínio na Barra Funda. Ela confirmou ter dispensado a mala para reciclagem. Levantamos os nomes dos funcionários do local e quem morava no Itaim Paulista, região dos crimes. Chegamos a esse rapaz, que era zelador, à  época”, disse.

Eduardo confessou cinco assassinatos. Disse que todas as vítimas faziam ponto de programa na Avenida Marechal Tito e todas usavam crack. A polí­cia investiga um sexto caso.

Eduardo foi procurado em casa, mas foi preso no imóvel da namorada, Sueli, que, segundo ele, tem problemas mentais. Estava com medo, debaixo da cama.

“Esse rapaz era assassino contumaz. Ia matar mais se ficasse na rua. Percebi que ele pode ter transtorno infantilizado de comportamento. Relacionado com transtorno de impulso. Culpabilizar a ví­tima como sendo a pessoa que não lhe deu prazer”, avaliou a delegada.

Eduardo teve prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. A polí­cia procurou objetos que pudessem significar troféus para o acusado. Encontrou comida de bebê, brinquedos e filmes infantis na casa. Eduardo disse que frequentava  igreja e procurava as prostitutas na intenção de sentir prazer. “Sem droga eu tinha”, disse.

CRIMES


1 - Primeiro assassinato

“Foi em (dezembro) 2010. Era uma garota de programa. Estava na Marechal Tito, no posto de gasolina, perto da padaria. Ela cobrou R$ 20. Falei que só tinha R$ 10. Ela me levou em um terreno baldio, só que eu estava sem condições. Foi quando eu comecei a usar a droga (crack). Quando eu uso entorpecente,  não tenho ereção. Ela pegou o dinheiro e, como eu não tinha ereção, não queria fazer mais nada.  Nessa fiquei nervoso e enforquei ela.  Ela se bateu. Eu apertei até ela perder os sentidos.”

2 - Levando para casa

“Foi em (maio) 2012. A moça estava se prostituindo próximo da Casas Bahia, na Marechal Tito.  Chamei e ela falou: 'Vamos'. Só que aconteceu o mesmo fato. Eu não sentia ereção. Fomos para minha casa. Falei para ela que para o motel não dava para ir porque não tinha dinheiro. Ela pediu R$ 20 também. Eu só tinha R$ 10. Ela tirou a roupa, mas não aconteceu o ato. Se eu não ia fazer nada por que ela ia ficar com meu dinheiro? eu fiquei nervoso e a enforquei também. A gente usou droga junto. Pus ela no ombro e a deixei deitada na esquina, perto da Igreja Batista.”

3 - Tapete vermelho

(julho 2012) “Eu a peguei também lé na Marechal (Tito), perto da Caixa Econômica Federal, se prostituindo. Fomos a pé até a minha casa e ela não quis ter relação comigo pelo fato da droga. Ela também queria que eu usasse camisinha. Mas eu não queria.  Acabei enforcando ela. Enrolei (o corpo)  em um tapete vermelho e joguei  um pouco mais à  frente da igreja.”

4 - Primeira mala

(novembro 2012) “Ela ficava vindo na minha casa direto, me perturbar. Ela me pediu comida. Eu dei um prato de comida para ela. Foi lá, tomou banho na boa. Mantivemos relação sexual. (Ela) Falou se eu tinha como dar um dinheiro. Dei. (No dia do crime) Fomos para minha casa e falei: 'Você pegou meu celular'. Ela disse: 'Não peguei'. A gente discutiu. Ela ficou no chão, usando o entorpecente. Fiquei com raiva, acabei enforcando ela, pus na mala. Não precisou quebrar nada. Fui arrastando. Tinha rodinha.”

5 - Mala difí­cil

(janeiro 2013) “Encontrei ela também na Marechal Tito, perto da Caixa Econômica Federal. Essa foi em 2013. Foi a última. Ela cobrava R$ 20. Eu já tinha comprado R$ 10 de crack e ofereci R$ 10 pelo programa. Fomos para casa. Aconteceu a mesma coisa. Ela não quis devolver o dinheiro e aí veio a fúria. Estrangulei com as minhas mãos e fiz sexo com ela com o dedo. Coloquei ela dentro da mala azul e levei até a Marechal, perto do posto de gasolina. Levei a mala no ombro. Tinha rodinha mole.”

A mala trazia uma etiqueta de um voo, de Guarulhos para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em setembro de 2012. Pela identificação, a polícia quer chegar até o dono da bagagem



Senira Leite, de 25 anos, foi achada dentro de uma mala na Rua Alarico Cavalcanti Nunes, no Itaim Paulista, na Zona Leste. Vizinhos chamaram a polícia depois que suspeitaram que pudesse haver uma bomba dentro da mala.


A vítima tinha alguns hematomas no rosto e também no corpo. 

A família dela reconheceu o corpo. A mãe (foto) também disse que a mulher era viciada em crack e passava mais tempo na rua do que em casa.


Para o delegado, Patrocínio é um homem perigoso. "Se ele não fosse preso, não ia parar de matar". Franco acredita ainda que ele tenha cometido outros crimes. "O intervalo entre a primeira e a segunda morte é muito grande em consideração as outras que aconteceram quase em sequência. Embora ele diga que não, vamos investigar ainda se houve crimes entre 2010 e 2012", disse.


Delegado dá detalhes sobre a prisão do homem que confessou a morte de cinco mulheres em São Paulo



O delegado Itagiba Franco, do DHPP





Protesto com cartazes


Ativistas do grupo Femen Brasil protestaram no bairro da Liberdade, na região centro da capital paulista, contra os assassinatos ocorridos na zona leste de São Paulo.

As mulheres do grupo pintaram os corpos e levaram cartazes com referência aos crimes.
Em um dos cartazes estava escrito: 

"se você broxar, não tente nos matar"


 Ativistas do Femen em protesto

 Ativistas do Femen em protesto


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