José Vicente Matias, o "Corumbá", nascido em 1967 em Firminópolis, Goiânia, é um ex-artesão que foi preso por assassinar e esquartejar seis mulheres após ter feito sexo com elas. Os crimes aconteceram entre 1999 e 2005. Além de matar, "Corumbá" praticou também canibalismo com os restos mortais das vítimas, ingerindo sangue e pedaços cerebrais das mesmas.
Infância
Quando pequeno, na cidade de Firminópolis, Corumbá viu seus pais se separarem, a mãe abandonar o lar, viveu por conta própria, e descobriu que sua mãe havia se tornado dona de prostíbulo. José Vicente Matias viajava por vários municípios do país vendendo pulseiras, brincos, colares e outros produtos artesanais. Em algumas cidades, se identificava como “Pedro”, e em outras como “Corumbá”.
Prisão
Uma equipe de oito policiais maranhenses, chefiada pelos delegados Paulo Márcio Tavares da Silva e Marco Antonio Rangel de Pinho, especialmente enviada de São Luís pelo secretário de Segurança Raimundo Cutrim, prendeu o “hippie” José Vicente Matias. Matias foi preso no centro da cidade de Bragança, a 210 km de Belém. Ele estava num casarão abandonado, frequentado por artesãos e andarilhos. Os policiais maranhenses fizeram o cerco na casa – apoiados pela polícia de Bragança - e “Corumbá” se entregou, sem oferecer resistência. Ele foi transferido para a delegacia de polícia local. Interrogado, Matias confessou os assassinatos. Nos depoimentos, "Corumbá" entrou em diversas contradições. Por vezes, mencionou sofrer "influências" do Diabo, que teria sussurrado em seu ouvido a suposta missão de matar sete mulheres. Alegou também, como sendo motivos para seus crimes, xenofobia e chacotas sofridas por sua impotência sexual. "Corumbá" já possuía passagens pela polícia por estupro e atentado violento ao pudor.
Secretário de Segurança Raimundo Cutrim
Vitimas
Suas seis vítimas fatais foram:
- a turista espanhola Núria Fernandes, de 27 anos, foi morta a pauladas na cabeça. Teve pedaços do cérebro e sangue ingeridos após ritual de dança em Alcântara (MA), 2005;
- a turista alemã Maryanne Kern, de 49 anos, morta no Maranhão e encontrada numa cova rasa. Ribeirinhas (MA), 2005;
- a russo-israelense Kathryn Rakitov, 29 anos. Pirenópolis (GO), 2004;
- a goiana Lidiane Vieira de Melo, 16 anos, passou um dia e meio amarrada enquanto Corumbá chupava o seu sangue. Depois, foi esquartejada. Goiânia (GO), 2004;
- a baiana Simone Lima Pinho, 26 anos, teve seu corpo jogado em crateras de garimpo e posteriormente coberto com pedras. Lençóis (BA), 2000;
- a mineira Natália Canhas Carneiro, 15. Três Marias (MG), 1999.
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Kathryn Rakitov
Núria Fernandes
Os crimes
O jornal goiano “O Popular” localizou a dona de casa Valéria Augusta Veloso, de 37 anos, a goiana que policiais maranhenses suspeitavam que tivesse sido a primeira mulher a ser assassinada pelo acusado. Ela reside na Região Leste de Goiânia com o marido, o operário Constâncio Pereira da Silva, e com os três filhos menores, mas há cerca de quatro anos teve um envolvimento afetivo conturbado com o artesão, marcado por agressões e muitas idas e vindas. Ela chegou a ser vista com ele em Barreirinhas (MA), na região dos Lençóis Maranhenses, a cerca de 350 quilômetros de São Luís, alguns dias antes de a alemã Marianne Kern, 49, ter sido encontrada morta. Por esse motivo, a equipe de policiais coordenada pelo delegado regional de Rosário (MA), José Maria Melônio Filho, acreditava que Valéria Augusta também tivesse sido assassinada.
A alemã Marianne Kern foi morta com pancadas na cabeça. De acordo com o delegado José Melônio, os golpes foram tão fortes que o rosto dela ficou desfigurado e o queixo, deslocado. O corpo da turista foi encontrado em adiantado estado de decomposição, enterrado em uma cova rasa, em uma praia de Barreirinhas. Durante as investigações, os policiais constataram que a mulher estivera alguns dias com o artesão, identificado como “Pedro”. A partir de então, o artesão passou a ser procurado como suspeito do crime. Os policiais obtiveram a informação de que o suspeito havia se hospedado em uma pousada em São Luís, na rua do Sol. Nesse local, testemunhas disseram que ele havia ido para a cidade de Alcântara, a 10 quilômetros de São Luís.
Os policiais se dirigiram para Alcântara e descobriram que o artesão seguiu para a Praia de Itatinga, com a espanhola Nuria Fernandez Collada. Os investigadores descobriram que José Matias retornara sozinho para Alcântara, o que os levou a admitir a possibilidade de que a espanhola pudesse estar morta. A suspeita confirmou-se no dia 24. O cadáver de Nuria Collada, também assassinada com golpes na cabeça e no tórax, foi encontrado enterrado em uma cova, já em estado de putrefação.
O fato de os dois crimes terem sido cometidos da mesma forma reforçou a suspeita do envolvimento dele. Segundo o delegado, em Alcântara o artesão preferiu ser chamado por “Corumbá”. Na sexta-feira, Kelson Nunes Campos foi preso em Santa Inês. Ele estava com um cartão magnético de Marianne Kern. De acordo com a polícia, Kelson havia sacado R$ 1,1 mil da conta da turista alemã e efetuado compras com o cartão de crédito dela, no valor de R$ 600. Kelson confessou que recebeu o cartão de um homem com as características de Corumbá.
Corumbá revelou que também matou, com uma pedrada na cabeça, a turista israelense Katryn Rakitov, com quem teve um caso, em abril de 2004, em Pirenópolis-Goiás. Corumbá, a princípio, tentou passar a versão de que a morte de Katryn, conhecida por Catarina, teria sido um acidente. Contou que os dois se dirigiram para a Cachoeira da Andorinha, no município de Pirenópolis, seguindo por uma trilha deserta. No local, segundo Corumbá, eles banharam, fizeram amor na água e depois foram para um local mais distante, frequentado por banhistas. "Lá tem uma pedra de onde as pessoas pulam na água, a Pequena, como eu a chamava carinhosamente, bateu com a cabeça em uma pedra e desmaiou. Carreguei ela por cerca de dois quilômetros em busca de socorro, mas foi em vão". Chorando e falando baixo, Corumbá continuou a narrativa, porém, sem admitir o assassinato. "Quando vi que ela estava sofrendo muito e que não tinha mais condições de carregá-la, a coloquei no chão e conversei com ela, mesmo desmaiada. Pequena, eu vou te deixar aqui, mas prometo voltar qualquer dia. Em seguida dei uma pedrada na testa dela e depois cobri o corpo, porque ela já estava morta", falou o hippie. "Foi mesmo um acidente, eu não a matei, apenas impedi que ela ficasse sofrendo por mais tempo", concluiu.
Em relação a Lidiayne, Corumbá disse que eles se conheceram um mês antes do crime. Ao se reencontrarem, no dia 19 de janeiro, resolveram, de comum acordo, se dirigirem a um cômodo alugado por ele, na Vila Mutirão II, onde beberam cerveja e fumaram maconha durante toda a noite e no decorrer do dia seguinte. "Ao anoitecer, já nos últimos minutos daquele dia, afirma o denunciado (Corumbá) que recebeu uma ordem sobrenatural para deitar a garota no chão, colocá-la em posição de cruz e cortá-la em tal posição", relatou o promotor Abrão Amisy Neto, afirmando que, depois de acender velas pela casa, em suposto ritual, o réu se aproveitou da fragilidade física da vítima e de ela ter ingerido bebida alcoólica, e asfixiou Lidiayne, matando-a por estrangulamento. Em seguida, de acordo ainda com o MP, Corumbá decapitou a vítima e tentou esquartejá-la, não tendo, contudo, alcançado êxito neste ponto. Em seguida, o artesão colocou a cabeça da garota em uma sacola de plástico. Quanto ao restante do corpo, amarrou as mãos e os pés e envolveu-os em uma colcha. Feito isso, acomodou tudo em um carrinho de mão e transportou o corpo da vítima até um matagal localizado nas proximidades, onde deixou a cabeça da menina e, posteriormente, lançou o corpo nas águas do Córrego Fundo.
Simone Lima Pinho, de 26 anos, desapareceu em 16 de junho de 2000, quando passava o São João em Lençóis, na Chapada Diamantina. Durante viagem à cidade de Lençóis, José Vicente Matias, matou a hippie e artesã. Ele indicou a policia o local exato onde jogou seu corpo, nas proximidades de um córrego cheio de pedras e a polícia conseguiu identificar os restos mortais da hippie e artesã assassinada em junho de 2000 a pauladas e pedradas.
Natália Canhas Carneiro, de 15 anos, foi seduzida por Corumbá antes de ser morta. Essa foi sua primeira vítima. O maníaco contou também que matou a jovem com um pedrada. Ele teria escondido o corpo sob galhos de árvores.
A vida de Valéria Augusta Veloso, de 37 anos, passou por profundas alterações a partir de meados de 2002, quando conheceu José Vicente Matias. Ela conta que estava separada do marido, o operário Constâncio Pereira da Silva, que ficara com a guarda dos três filhos menores. Para manter-se, passou a vender sanduíches naturais em uma feira de artesanato instalada aos domingos na Praça Universitária. Em seguida, a dona de casa conheceu o artesão e, conforme disse apaixonou-se por ele. Dias depois, vendeu os móveis da casa para acompanhá-lo. Nos últimos quatro anos, segundo conta, viajou para vários municípios de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.
“Eu queria ser a mulher dele, mas confesso que ficava muito preocupada com os meus três filhos. Por isso, voltei cinco ou seis vezes para casa”, revela. A última e talvez a mais aterrorizadora viagem que fez na companhia de José Matias teve início em dezembro do ano passado. Segundo relatos de Valéria Augusta, o artesão constantemente a xingava e fazia-lhe ameaças. “Ele dizia que ia me acertar, que jogaria alguma coisa contra mim”, denuncia. Valéria Augusta conta que o companheiro escondeu seus documentos para que ela não fosse embora. Em meados de março, com medo de permanecer ao lado do artesão, ela decidiu fugir. Telefonou para o marido, em Goiânia, e pediu apoio financeiro. Para escapar, contou com a ajuda de um casal de hippies que também estava em Barreirinhas (MA). Valéria Augusta disse que fugiu descalça, apenas com a roupa que usava.
A alemã Marianne Kern foi morta com pancadas na cabeça. De acordo com o delegado José Melônio, os golpes foram tão fortes que o rosto dela ficou desfigurado e o queixo, deslocado. O corpo da turista foi encontrado em adiantado estado de decomposição, enterrado em uma cova rasa, em uma praia de Barreirinhas. Durante as investigações, os policiais constataram que a mulher estivera alguns dias com o artesão, identificado como “Pedro”. A partir de então, o artesão passou a ser procurado como suspeito do crime. Os policiais obtiveram a informação de que o suspeito havia se hospedado em uma pousada em São Luís, na rua do Sol. Nesse local, testemunhas disseram que ele havia ido para a cidade de Alcântara, a 10 quilômetros de São Luís.
Os policiais se dirigiram para Alcântara e descobriram que o artesão seguiu para a Praia de Itatinga, com a espanhola Nuria Fernandez Collada. Os investigadores descobriram que José Matias retornara sozinho para Alcântara, o que os levou a admitir a possibilidade de que a espanhola pudesse estar morta. A suspeita confirmou-se no dia 24. O cadáver de Nuria Collada, também assassinada com golpes na cabeça e no tórax, foi encontrado enterrado em uma cova, já em estado de putrefação.
O fato de os dois crimes terem sido cometidos da mesma forma reforçou a suspeita do envolvimento dele. Segundo o delegado, em Alcântara o artesão preferiu ser chamado por “Corumbá”. Na sexta-feira, Kelson Nunes Campos foi preso em Santa Inês. Ele estava com um cartão magnético de Marianne Kern. De acordo com a polícia, Kelson havia sacado R$ 1,1 mil da conta da turista alemã e efetuado compras com o cartão de crédito dela, no valor de R$ 600. Kelson confessou que recebeu o cartão de um homem com as características de Corumbá.
Corumbá revelou que também matou, com uma pedrada na cabeça, a turista israelense Katryn Rakitov, com quem teve um caso, em abril de 2004, em Pirenópolis-Goiás. Corumbá, a princípio, tentou passar a versão de que a morte de Katryn, conhecida por Catarina, teria sido um acidente. Contou que os dois se dirigiram para a Cachoeira da Andorinha, no município de Pirenópolis, seguindo por uma trilha deserta. No local, segundo Corumbá, eles banharam, fizeram amor na água e depois foram para um local mais distante, frequentado por banhistas. "Lá tem uma pedra de onde as pessoas pulam na água, a Pequena, como eu a chamava carinhosamente, bateu com a cabeça em uma pedra e desmaiou. Carreguei ela por cerca de dois quilômetros em busca de socorro, mas foi em vão". Chorando e falando baixo, Corumbá continuou a narrativa, porém, sem admitir o assassinato. "Quando vi que ela estava sofrendo muito e que não tinha mais condições de carregá-la, a coloquei no chão e conversei com ela, mesmo desmaiada. Pequena, eu vou te deixar aqui, mas prometo voltar qualquer dia. Em seguida dei uma pedrada na testa dela e depois cobri o corpo, porque ela já estava morta", falou o hippie. "Foi mesmo um acidente, eu não a matei, apenas impedi que ela ficasse sofrendo por mais tempo", concluiu.
Em relação a Lidiayne, Corumbá disse que eles se conheceram um mês antes do crime. Ao se reencontrarem, no dia 19 de janeiro, resolveram, de comum acordo, se dirigirem a um cômodo alugado por ele, na Vila Mutirão II, onde beberam cerveja e fumaram maconha durante toda a noite e no decorrer do dia seguinte. "Ao anoitecer, já nos últimos minutos daquele dia, afirma o denunciado (Corumbá) que recebeu uma ordem sobrenatural para deitar a garota no chão, colocá-la em posição de cruz e cortá-la em tal posição", relatou o promotor Abrão Amisy Neto, afirmando que, depois de acender velas pela casa, em suposto ritual, o réu se aproveitou da fragilidade física da vítima e de ela ter ingerido bebida alcoólica, e asfixiou Lidiayne, matando-a por estrangulamento. Em seguida, de acordo ainda com o MP, Corumbá decapitou a vítima e tentou esquartejá-la, não tendo, contudo, alcançado êxito neste ponto. Em seguida, o artesão colocou a cabeça da garota em uma sacola de plástico. Quanto ao restante do corpo, amarrou as mãos e os pés e envolveu-os em uma colcha. Feito isso, acomodou tudo em um carrinho de mão e transportou o corpo da vítima até um matagal localizado nas proximidades, onde deixou a cabeça da menina e, posteriormente, lançou o corpo nas águas do Córrego Fundo.
Simone Lima Pinho, de 26 anos, desapareceu em 16 de junho de 2000, quando passava o São João em Lençóis, na Chapada Diamantina. Durante viagem à cidade de Lençóis, José Vicente Matias, matou a hippie e artesã. Ele indicou a policia o local exato onde jogou seu corpo, nas proximidades de um córrego cheio de pedras e a polícia conseguiu identificar os restos mortais da hippie e artesã assassinada em junho de 2000 a pauladas e pedradas.
Natália Canhas Carneiro, de 15 anos, foi seduzida por Corumbá antes de ser morta. Essa foi sua primeira vítima. O maníaco contou também que matou a jovem com um pedrada. Ele teria escondido o corpo sob galhos de árvores.
A vida de Valéria Augusta Veloso, de 37 anos, passou por profundas alterações a partir de meados de 2002, quando conheceu José Vicente Matias. Ela conta que estava separada do marido, o operário Constâncio Pereira da Silva, que ficara com a guarda dos três filhos menores. Para manter-se, passou a vender sanduíches naturais em uma feira de artesanato instalada aos domingos na Praça Universitária. Em seguida, a dona de casa conheceu o artesão e, conforme disse apaixonou-se por ele. Dias depois, vendeu os móveis da casa para acompanhá-lo. Nos últimos quatro anos, segundo conta, viajou para vários municípios de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.
“Eu queria ser a mulher dele, mas confesso que ficava muito preocupada com os meus três filhos. Por isso, voltei cinco ou seis vezes para casa”, revela. A última e talvez a mais aterrorizadora viagem que fez na companhia de José Matias teve início em dezembro do ano passado. Segundo relatos de Valéria Augusta, o artesão constantemente a xingava e fazia-lhe ameaças. “Ele dizia que ia me acertar, que jogaria alguma coisa contra mim”, denuncia. Valéria Augusta conta que o companheiro escondeu seus documentos para que ela não fosse embora. Em meados de março, com medo de permanecer ao lado do artesão, ela decidiu fugir. Telefonou para o marido, em Goiânia, e pediu apoio financeiro. Para escapar, contou com a ajuda de um casal de hippies que também estava em Barreirinhas (MA). Valéria Augusta disse que fugiu descalça, apenas com a roupa que usava.
Julgamento
Matéria retirada do site http://noticias.uol.com.br/ (03/06/2008)
O Tribunal de Justiça de Goiás anunciou nesta terça-feira a primeira sentença contra o artesão José Vicente Matias, o Corumbá, assassino confesso de seis mulheres em quatro Estados do país. Ele foi condenado a 23 anos de prisão pela morte e ocultação de cadáver de Lidiayne Vieira Melo, em janeiro de 2004, em Goiânia. No julgamento, presidido pelo juiz Jesseir Coelho, foram considerados três qualificadores: motivo torpe, uso de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
São 21 anos pelo assassinato, mais dois pela ocultação. O acusado, que estava preso no Maranhão, agora fica à disposição da justiça goiana. Ele ainda será julgado por outros cinco assassinatos. "A cada julgamento, será recambiado para o Estado onde aconteceu o crime", informou o juiz Jesseir Coelho.
"O resultado não poderia ser diferente. Os jurados apenas comprovaram a evidência das provas de um crime que repugnou toda a sociedade. Considero justo", afirmou Geibson Cândido Rezende, representante da promotoria. A defesa, que tentou alegar problemas psicológicos para tornar o réu semi-imputável, afirmou que vai protestar para novo júri, já que a condenação é superior a 20 anos.
"Deve ser meu último caso de apelação, já que a medida aprovada no Congresso deve entrar em vigor em 60 dias", afirmou o defensor de Corumbá, Douglas Dalto Messora. Ele se refere ao projeto aprovado na Câmara que deve por fim a esse recurso da defesa e que deve ser sancionado pelo presidente Lula.
A mãe da vítima também esteve presente na leitura da sentença, realizada às 16h50 de hoje. Ela se limitou a um tímido sorriso quando a pena foi anunciada. "Para mim, quantidade de anos não faz diferença. Justiça seria se eu tivesse a minha filha de volta. Espero, sinceramente, que ele morra na cadeia", afirmou a atendente de restaurante Jovelina Vieira de Melo, 37.
Ela contou à reportagem do UOL que estava grávida de quatro meses quando esteve no IML para reconhecer o corpo da filha, decapitado por Corumbá. "Apesar de grávida, fui ao local. Quando vi a minha filha daquele jeito, não suportei e desmaiei. Felizmente não perdi o meu filho", conta Jovelina, mãe da menina.
De acordo com a promotoria, Corumbá ainda tentou esquartejar a vítima, mas não conseguiu. Então ele colocou a cabeça dela em uma sacola plástica, enrolou o corpo em uma colcha e jogou no Córrego Fundo, que fica nas imediações da Vila Mutirão, periferia de Goiânia. Após matá-la, a promotoria afirma que Corumbá bebeu o sangue da vítima.
Além de Lidiayne, Corumbá confessou outros cinco assassinatos, das quais três eram estrangeiras: a espanhola Núria Fernandes, 27, foi morta a pauladas em Alcântara (MA); a alemã Maryanne Kern, 49, foi encontrada em uma cova rasa em Ribeirinhas (MA); a russo-israelense Katryn Rakitov, 29, foi morta a pedradas na cidade de Pirenópolis (GO); Simone Pinho, 26, era da Bahia e também foi morta a pedradas e jogada em um poço de garimpo em Lençois (BA); Natália Carneiro, 15, morava em Três Marias (MG). Os seis crimes foram executados no período de 1999 a 2005.
Pelo menos em outro caso, Corumbá também teria praticado canibalismo. Após matar Núria Fernandes, a última de suas vítimas, ele teria comido parte da massa encefálica em mais um ritual. Ele foi preso em Bragança (PA) em 29 de março de 2005. Desde então está sob custódia da justiça do Maranhão. Em depoimento, Corumbá afirmou que recebera "uma ordem demoníaca" para matar sete mulheres.
Ritual macabro
A promotoria do caso de Lidiayne descreve no processo como tudo aconteceu.
"Ao anoitecer, já nos últimos minutos do dia, afirma o denunciado (Corumbá) que recebeu uma ordem sobrenatural para deitar a garota no chão, colocá-la em posição de cruz e cortá-la em tal posição", relata o promotor.
O ritual macabro teria seguido com o acendimento de velas pela casa e a asfixia de Lidiayne, aproveitando que ela havia ingerido bebida alcóolica e de sua fragilidade física. Em seguida decapitou-a e tentou esquartejá-la, sem sucesso. A cabeça da menina foi perdida no mato enquanto o transporte do corpo era feito. Foi encontrada a 500 metros do córrego. Após o crime, Corumbá seguiu para outros estados, onde mataria as três estrangeiras.
Com aparência mais velha e diferente daquela da época em que foi preso (ele tinha cabelos longos), Corumbá se mostrou tranqüilo durante todo o julgamento. Tão tranqüilo que chegou a dormir (ou fingiu que dormia) durante a exposição da promotoria. Porém, ausentou-se da sala do júri durante o anúncio da sentença.
A variação geográfica dos crimes de Corumbá é explicada pela "vida cigana" que levava. Ele era adepto do estilo hippie e vivia viajando pelo país vendendo os produtos que fabricava. Essa vida nômade, sem residência fixa por um tempo maior, também dificultou os trabalhos de investigação que acabaram resultando em sua prisão.
Assassino confesso de seis mulheres, o artesão José Vicente Matias, conhecido como Corumbá, é condenado a 23 anos de prisão em Goiás pela morte de jovem de 16 anos; crimes aconteceram em quatro Estados diferentes
Corumbá sofre de privação afetiva
De acordo com o psiquiatra e psicanalista Jorge Daher, a privação afetiva é o principal fator desencadeador da sua personalidade agressiva
Veículo: Diário da Manhã
Seção: Cidades
Data: 24/05/2005
Estado: GO
O artesão José Vicente Matias, 38, o Corumbá, passou por avaliação psiquiátrica e psicológica ontem, no Hospital Geral de Goiânia (HGG). De acordo com o psiquiatra e psicanalista Jorge Daher, a privação afetiva é o principal fator desencadeador da personalidade agressiva de Corumbá. Durante o exame, o artesão tentou justificar os crimes alegando estar em estado de alucinação.
“Me parece que ele tinha consciência do que fazia; tanto que consegue relatar precisamente as situações. Mas tenta justificar seus atos e buscar desculpas em doenças e alucinações”, comentou Daher.
O abandono pela mãe na infância e a falta de afeto e contato com a família são, na avaliação do psiquiatra, os motivos que levaram à alteração de comportamento de Corumbá. Sem amparo, artesão cresceu nas ruas em ambiente desfavorável, o que potencializou a predisposição para crimes.
“Fica a pergunta: por que outras pessoas com os mesmos problemas não se transformaram em assassinos? Corumbá já tinha uma predisposição ao crime que, aliada a um ambiente desfavorável e à privação afetiva, o fizeram um indivíduo agressivo a ponto de matar”, esclarece o médico.
Na última sexta-feira, Corumbá foi submetido a uma ressonância magnética que identificou uma lesão degenerativa na parte profunda do cérebro denominada leucoencefalopatia. A anomalia, comum em pessoas com mais de 65 anos, pode levar a desvios de comportamento grave. Já o eletroencefalograma não apresentou alterações patológicas.
A frieza e a modo detalhado como Corumbá relata os crimes que cometeu chamaram a atenção da equipe do HGG. Segundo Daher, o artesão fala das mortes sem nenhum arrependimento, consciente do que estava fazendo. Durante a entrevista, relatou que entrava em estado de transe e sentia pelo corpo estranha sensação. Situações que podem estar ligadas ao efeito das drogas utilizadas desde a adolescência.
Fontes:
http://noticias.uol.com.br/
http://abp.org.br/
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