quinta-feira, 23 de abril de 2015

Edson Isidoro Guimarães - "O enfermeiro da morte"




De 10 de janeiro ao dia 4 de maio, a Unidade de Pacientes Traumáticos (UPT) do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, viveu uma rotina macabra: nos dias de plantão do auxiliar de enfermagem Edson Isidoro Guimarães, de 42 anos.Responsável direto pela morte de pelo menos cinco pessoas. Estima-se que o número verdadeiro de suas vítimas, porém, seja superior a 100, o que o transformaria em um dos maiores assassinos em série do Brasil e do mundo.

Métodos

O mais comum era injetar na veia do paciente 10 mililitros de cloreto de potássio. Segundo o secretário Ronaldo Gazolla, o produto é muito usado em hospitais para hidratar doentes. Se ministrado corretamente, não causa mal algum. "Mas, injetado diretamente na veia e nessa quantidade, é letal", explicou o médico-monstro. O segundo método era mais simples: desligar os aparelhos de respiração artificial. Sem oxigênio, o paciente morria rapidamente, Isidoro religava a máquina e só então chamava o médico de plantão.

Por que...

A motivação do auxiliar de enfermagem ia muito além da comiseração: ele recebia de R$ 800 a R$ 1 mil "por serviço". O "serviço" era apenas informar aos agentes funerários de plantão no Salgado Filho a ocorrência da morte para que eles abordassem a família. "Essa é a tabela para pessoas que chegam em estado grave vítimas de acidentes de trânsito. As mortes comuns, eles só pagam de R$ 80 a R$ 100", esclareceu o assassino confesso, que citou o nome de duas funerárias - Novo Rio e Novo Mundo, na periferia da cidade. Um dos proprietários da Novo Rio, Manoel de Souza, nega qualquer ligação com o enfermeiro. "Em 15 anos só enterramos dez pessoas que morreram no Hospital Salgado Filho", diz Souza. "Esse sujeito está louco."

Números.....

De janeiro até o dia 4 de maio, 225 mortes foram registradas na UPT do Salgado Filho. Delas, segundo as contas da Secretaria Municipal de Saúde, 131 ocorreram nos plantões de Isidoro. A polícia trabalha com o número de 153 mortes porque há outras consideradas suspeitas na unidade. Em janeiro, morreram na UPT 32 pacientes, 18 nos plantões de Isidoro. Em abril, das 62 mortes registradas na UPT, 34 caíram nos plantões do auxiliar de enfermagem. Outro exemplo claro surgiu em maio. Nos três primeiros dias do mês, nenhuma morte ocorreu na UPT. O detalhe: Isidoro estava de folga. No dia 4, quando ele voltou ao plantão, morreram cinco. Foi a gota d'água para a denúncia da Secretaria Municipal de Saúde.

Para prender Isidoro, a polícia infiltrou detetives como pacientes no hospital. Uma faxineira contou a um deles que vira o auxiliar de enfermagem dar uma injeção em um paciente que pouco depois viria a falecer. Com a prisão, a polícia encerrou o ciclo de plantões da morte no hospital do Méier. 

Prisão e Condenação

Edson Izidoro Guimarães foi preso em 7 de maio de 1999,e acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe; emprego de asfixia e veneno; e mediante recurso que impossibilitou a defesa das vítimas).

Em 17 de fevereiro de 2000, foi condenado a 76 anos de prisão, resultado da soma das quatro penas de 19 anos pelas mortes dos quatro pacientes do Hospital Municipal Salgado Filho. A defesa apelou, e no dia 13 de março de 2001, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em decisão unânime, reformou a sentença por entender que houve crime continuado e não concurso material de crimes. Na ocasião, a Câmara fixou a pena de Edson Izidoro em 31 anos e oito meses de reclusão, permitindo à defesa protesto por novo júri, igualmente aceito por unanimidade.

Entrevista

"Vou falar sem esconder o rosto porque estou tranqüilo", disse Isidoro em entrevista coletiva no auditório da Secretaria de Segurança do Rio. "Eu fiz isso com cinco pacientes porque eles estavam em coma, sofrendo muito. Fiz também para aliviar a agonia das famílias. Eu escolhia o paciente pela gravidade de seu estado de saúde. Quando via que ele não tinha mais meios de sobrevivência, abreviava o sofrimento", explicou."Fazia tudo pela minha vontade, não me arrependo. Pretendia manter segredo, mas descobriram", lamenta. 


Entrevista com a revista Veja

"Eu não sou um monstro"

O auxiliar de enfermagem Edson Isidoro Guimarães está encarcerado com mais 31 presos na sede da Polinter, no centro do Rio de Janeiro. "É uma cela tranqüila. Ninguém me olha atravessado", afirma. Na gíria dos policiais, Edson Isidoro está detido numa área da delegacia conhecida como "xadrez de seguro". É o local onde ficam os estupradores e assassinos de crianças, pessoas que em outras celas poderiam ser executadas pelos demais presos. Na quinta-feira, ele conversou com VEJA.

Veja – Quantas pessoas o senhor matou, afinal?
Guimarães – Só falo sobre isso em juízo.
Veja – Como o senhor pretende explicar para seu filho de 10 anos essa série de mortes?
Guimarães – Vou explicar para ele que foi por causa do sofrimento do paciente. Mas, por enquanto, não quero falar.
Veja – Não tem pesadelo pelo que fez?
Guimarães – Estão me crucificando como um monstro, mas eu não sou um monstro. Sei que vou ter de pagar pelo que fiz. Mas pretendo até ser absolvido. Se Deus achar que eu devo pegar cinco anos, tudo bem. Agora, quero me apegar a Deus. Estou inclusive lendo a Bíblia que os colegas da cela me emprestaram. O que fiz foi conseqüência de o hospital não ter condições adequadas para manter um paciente lá. Não matei 130 pessoas.


INJEÇÃO LETAL

Segundo depoimento de funcionários do Hospital Salgado Filho que denunciaram os assassinatos, a desconfiança de que Edson estava ligado com as mortes começou quando o enfermeiro foi transferido para a Unidade de Pacientes Traumáticos. Houve um aumento considerável nos óbitos durante os seus plantões. As vítimas do enfermeiro tinham sempre o mesmo perfil: vítimas de acidente de trânsito em estado grave. Edson Izidoro confirmou que aplicava uma injeção letal nas suas vítimas, contendo potássio em dose elevadíssima. Em uma de suas tentativas contra a vida de um paciente a injeção de potássio aplicada por Edson teve efeito contrário: o paciente tinha déficit da substância no organismo. “Fiquei feliz da vida. Afinal de contas, consegui salvar uma pessoa. Sou um religioso e sei que fiz o que fiz para salvar as pessoas”, afirmou com ironia o enfermeiro, para espanto dos policiais.

Edson ainda é acusado de ter matado muitos pacientes que respiravam com a ajuda de aparelhos, apenas retirando as suas máscaras e esperando o momento certo de avisar às funerárias. 

No condomínio onde morava, em Jacarepaguá, o auxiliar de enfermagem era conhecido por ajudar vizinhos doentes, e sua prisão, na época, causou surpresa na vizinhança. Amigos da família que residiam no mesmo conjunto residencial consideravam Edson uma pessoa calma e prestativa. “Ele é uma pessoa alegre e sempre ajudava os outros. Ano passado, meu sobrinho foi atropelado e ficou internado por 20 dias. O Edson, que estava de licença do trabalho, revezava com a família no hospital”, contou Jorge Lúcio Batista, primo de consideração de Izidoro. 

OS GRANDES ESTÃO LIVRES

Preso desde 99 na carceragem da Polinter, Edson chegou a ser ameaçado várias vezes pelos companheiros de cela, como também acusou o proprietário de uma das maiores funerárias do Rio de Janeiro pelas ameaças de morte. Uma vez detido, o auxiliar de enfermagem fez questão de deixar claro o envolvimento de outras pessoas no esquema. O próprio Edson se classificou como um peixe pequeno. 

“Prenderam o peixinho, mas os grandes estão em liberdade. Tem gente de carrão, com casarão. E eu estou aqui, duro. Vou pagar pelo o que fiz, matei cinco pessoas, mas não participei de tráfico de órgãos, nem sei de nada sobre isso”, declarou em uma entrevista concedida um mês após a sua prisão.

Apesar de acusado da morte de 131 pessoas, em seu primeiro julgamento Edson Izidoro recebeu a sentença pelo assassinato de apenas quatro pacientes mortos no dia em que foi preso em flagrante. O Anjo da Morte, como ficou conhecido na época, alegou ter sido torturado pelos policiais para admitir a culpa, além de ser mal orientado pelos seus advogados na época da prisão. Porém, nada adiantou. A condenação somou 76 anos de prisão. No segundo julgamento, o auxiliar de enfermagem teve uma redução de sete anos da sua pena. O 3º Tribunal do Júri o condenou a 69 anos de reclusão em regime fechado sem direito a recorrer em liberdade.

Atualmente, Edson permanece nas celas da Polinter e, ao que tudo indica, o Anjo da Morte não abandonou a sua profissão — a de enfermeiro, bem entendido. Segundo policiais, o auxiliar de enfermagem é requisitado “sempre que um interno sente-se mal”. É ele quem presta os primeiros socorros na carceragem, a pedido dos próprios policiais e detentos. Além disso, Izidoro é considerado preso de bom comportamento e desfruta de “algumas regalias”. Por ser classificado como “faxina” — detento que presta serviço ou ajuda na prisão —, ele, que já dividiu espaço com outros 31 presos, ocupa uma cela com cerca de sete condenados, equipada com televisão, fogão, geladeira e colchões. Conforme informaram alguns policiais, esse tipo de tratamento é dispensado aos presos primários, de bom comportamento, sem nenhum tipo de ligação com facções criminosas.

Para o vereador do PT do B, João Cabral, presidente da CPI que na época apurou o caso, só mesmo a interferência e uma Comissão dos Direitos Humanos poderia tentar diminuir a pena de Edson Izidoro, mas o certo é que o assassino deve cumprir sua sentença e passar o resto da vida na prisão. “A diminuição da pena seria o fim da picada. No caso dele não pode se levar em consideração os direitos humanos. Afinal de contas, ele respeitou o direito de algum ser humano?”


A MÁFIA DAS FUNERÁRIAS

Mas esse caso serviu para tornar pública uma prática que até então era muito comum nos hospitais do Rio de Janeiro e possivelmente do restante do país: a máfia das funerárias. Com a prisão de Edson Izidoro Guimarães foi confirmado um esquema no Hospital Salgado Filho, onde as empresas funerárias agiam livremente pagando comissões a quem indicasse seus serviços. As investigações mostraram que o auxiliar de enfermagem chegava a lucrar entre cem e mil reais, dependendo do tipo de morte. As mortes naturais rendiam menos que aquelas produzidas por acidentes de trânsito. Estas últimas envolviam um esquema de seguro.

Súbito, um desdobramento: foi descoberto que a ação da máfia das funerárias não se restringia ao Rio de Janeiro. A prefeitura de São Paulo também admitiu que sua população estava sendo vítima da ação criminosa de agentes funerários, não ficando provado que a máfia paulista chegasse ao extremo das similares no estado onde Edson operava. Na capital paulista, as funerárias “somente ofereciam comissões aos funcionários de hospitais que indicassem seus serviços”, dizem.

Sob a alegação de responder à ação das máfias, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, assinou no dia 1º de janeiro de 2001 o decreto nº 19.399, estabelecendo um esquema de rodízio diário entre as funerárias em hospitais da rede pública e privada. Esse decreto, que recorda os procedimentos de licitação pública, instituiu o Regime de Plantão de Atendimento das Funerárias, onde somente uma única empresa tem permissão para atuar na unidade de saúde, sendo proibida qualquer outra forma de agenciamento ou venda de serviços funerários por uma outra — naquele dia. O serviço social dos hospitais fica encarregado de encaminhar os familiares da pessoa que faleceu à sala do Plantão, inibindo assim a livre circulação de agentes funerários nas dependências do hospital, alegam. A escala das funerárias e suas respectivas unidades de atuação são definidas pela Secretaria Municipal de Saúde. O órgão publica até o décimo quinto dia útil de cada mês uma relação com a escala de plantão das funerárias com suas respectivas unidades de saúde.

À estranha timidez do decreto é adicionado um sofisticado elenco de exigências para que uma empresa possa ser prestadora desse tipo de serviço nos hospitais. Para uma funerária “ser habilitada a prestar seus serviços, ela deve estar em dia com as suas obrigações fiscais municipais e aderir ao Código de Ética e Auto-regulamentação do Setor Funerário, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas e Diretores Funerários.” 

AUSÊNCIA DE PROVAS

O vereador João Cabral lamenta o fato de não se ter obtido provas suficientes para incriminar outros envolvidos na máfia das funerárias e deixa uma dúvida, com sombras de certeza: “Edson Izidoro trabalhava sozinho?”

Segundo o vereador, todas as provas obtidas pelo trabalho da CPI foram enviadas para a Polícia Civil e anexadas ao processo para ser julgado. O envolvimento de outras pessoas no caso ficou claro, mas a ausência de provas que impediu outras acusações não se tornou no único obstáculo. João Cabral explicou que, como as reuniões da CPI e os depoimentos eram abertos ao público, foi muito difícil evitar que as testemunhas se sentissem acuadas enquanto depunham. “Teve gente que chegou a urinar de medo”, possivelmente sob os olhares de algum outro envolvido nos crimes.

A falta de provas e as ameaças dificultaram um melhor julgamento, mas o vereador João Cabral fez uma segunda conclusão lógica no decorrer das investigações: “O Edson Izidoro foi condenado somente porque a imprensa ficou em cima do caso, cobrando das autoridades explicações. Caso isso não ocorresse, tenho minhas dúvidas se o Edson seria condenado e pagasse pelos assassinatos”.

A prisão do auxiliar de enfermagem serviu para alertar um esquema, até então, muito comum nos hospitais do Brasil inteiro. As atividades terceirizadas do genocida, pelas quais ele alegou receber pagamentos, serviram para revelar a ação da máfia das funerárias (com atuação que não se limita ao Rio de Janeiro), aquela que investe na eliminação de pacientes para obter uma renda extra. Edson continua sustentando que é peixe pequeno no rentável negócio de humanos pré-abate; uma espécie de extrativismo da vida da gente pobre, o enorme contingente que busca um “hospital” somente quando as dores se tornam insuportáveis. E se deixa de respirar, o sistema apenas notifica o fato ao parente, porque nada de mais aconteceu. 





João Acácio Pereira da Costa-O Bandido da Luz Vermelha



Infância

João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha" nascido em Joinville, SC em 24 de junho de 1942, era pobre e, aos 8 anos de idade, perdeu o pai, tuberculoso. Sua mãe desapareceu pouco depois com dois filhos. Eram quatro irmãos. Ele e o mais velho foram deixados com o tio. Os garotos eram submetidos a trabalhos forçados para se alimentarem. "Luz Vermelha" disse ainda que foram torturados física e psicologicamente pelo tio, que depois negou as acusações.

Estudou até o 3º ano primário. Aos 17 anos, semi-analfabeto, já era conhecido nos meios policiais da cidade por ter furtado mais de trinta bicicletas. Foi preso aos 18 anos, por roubar um jipe. Fugiu da cadeia em 1963 e se instalou em São Paulo. Chegou em São Paulo ainda na adolescência, fugindo dos furtos que praticara em Santa Catarina. 


Gostava de imitar o jeito de se vestir e de cantar de Roberto Carlos e usar ternos parecidos com os dos Beatles. Era apaixonado por filmes de faroeste: "Pistoleiros ao Entardecer", estrelado pelo ator inglês Randolph Scott, era o seu predileto. Fascinado pela cor vermelha tinha sua casa toda decorada nessa cor que ele dizia ser "a cor do diabo".

O futuro "Bandido da Luz Vermelha" também fracassou na tentativa de trabalhar em duas tinturarias. Na primeira, um beijo na filha do patrão, flagrado pelo pai da moça, o fez deixar o emprego. Na segunda, confiscou o terno de um cliente para ir ao cinema, mas foi visto pelo dono da roupa, que reclamou do ocorrido com o chefe de João Acácio, que acabou o demitindo.

Em São Paulo...

Foi morar em Santos, onde se dizia filho de fazendeiros e bom moço. Na verdade, levava uma vida pacata no lugar que escolheu pra morar, praticando seus crimes em São Paulo e voltando incólume para Santos.


Sem documentos, não poderia trabalhar mesmo que tivesse vontade e continuou vivendo entre marginais. Sua especialidade era assaltar mansões. Numa época em que alarmes eram raridade, usava macaco de automóvel para arrombar as grades, desligava a chave geral de energia elétrica e escalava com a lanterna na mão. 

Durante quinze meses entre 1966 e 1967, praticou 141 crimes, todos confessados. Destes, 120 são atribuídos pela polícia ao Homem-Macaco, seu primeiro apelido. O Bandido da Luz Vermelha nasceu no final de sua curta carreira. Numa noite, entrou em uma casa em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, onde a dona e a empregada dormiam. 


Acácio as acordou e pediu que abrissem o cofre. Até então, assaltava sem interromper o sono das vítimas. Pegou dinheiro, jóias e, na saída, beijou a mão das mulheres. No dia seguinte, deliciou-se com as manchetes. "Assalto à americana", dizia uma delas. Na reportagem, era chamado de Bandido da Luz Vermelha, a tradução para o português do pseudônimo de Caryl Chessman, condenado na Califórnia em 1948 à câmara de gás, por crime sexual e seqüestro, e executado em 1960. 

O original se destacava pela inteligência fez sua própria defesa no tribunal e se tornou conhecido como o símbolo contra a pena de morte, abolida na Califórnia doze anos depois de sua execução. Acácio aprovou a comparação e comprou uma lâmpada vermelha para sua lanterna. "Eles gostaram, me deram a idéia e eu repeti. Fiz outros assaltos assim. Os jornais mesmo é que me deram a idéia de ser o Luz Vermelha", disse em 1968, em uma entrevista para o jornal Última Hora. 


Luz Vermelha era apresentado como mulherengo, galanteador, de personalidade violenta, que roubava para praticar orgias em Santos. A realidade era diferente. O homem a quem vendia o que roubava, Walter Alves de Oliveira, o "Caboré", era seu parceiro amoroso. Acácio foi abandonado pelo cúmplice. 


Um promotor que acompanhava a rotina dos presos na cadeia relata que Luz Vermelha ignorou as centenas de cartas de mulheres com proposta de namoro. Casou-se com o cozinheiro Bernardino Marques, que cumpria pena por ter matado a sogra. Quando o cozinheiro deixou a prisão, Acácio não teve outros relacionamentos, mergulhando num ciclo de surtos psicóticos, e chegou a ser internado no manicômio judiciário. 

Logo nos primeiros meses de detenção, João Acácio escreveu de dentro da cela uma carta em que denunciou frequentes ameaças de morte que vinha sofrendo na prisão. O relato foi publicado na capa do 'NP' em 6 de outubro de 1967.

Carta escrita por João Acácio quase dois meses após ser preso e que foi publicada na capa do 'NP' no dia 6 de outubro de 1967

Acácio gostava do que lia nos noticiários e alimentou o mito. Em junho de 1967, matou um empresário em São Paulo apenas para desmentir uma versão da polícia, que havia prendido um homem e o apresentara como o Bandido da Luz Vermelha. Em depoimento à Segunda Vara do Júri, contou que estava em Santos quando soube da falsa notícia pela televisão, viajou para a capital e foi até a casa de um industrial, John Szaraspatak, e o matou na frente do filho. 


À medida que a cobertura dos jornais se intensificava, ele tornava-se mais violento. No auge da fama, ele assaltou um sobrado no Ipiranga. A vítima, que sobreviveu por milagre, entrou em pânico quando soube que o bandido deixaria a prisão. Quando preso, Luz Vermelha chegou a dizer que mataria essa pessoa um dia. Hoje ela tem 52 anos e três filhos. 


Sua irmã conta que Luz Vermelha matou o guarda-noturno e entrou na casa, onde a vítima se encontrava com a empregada. Subiu ao seu quarto e a acordou com a lanterna. Queria dinheiro. Levou a garota para baixo e deu-lhe dois socos. Mesmo zonza, ela conseguiu pegar um cinzeiro e atirar no algoz, que teve o nariz quebrado. Luz Vermelha deu-lhe três tiros. Na época, Acácio contou que havia tentado estuprar a moça. A versão dela é outra. O bandido a agrediu porque, tentando puxar conversa, ela o aconselhou a mudar de vida. 

Ele permaneceu impune por seis anos e a polícia só conseguiu identificá-lo após ele deixar suas impressões digitais na janela de uma das mansões. Cometeu oficialmente 88 delitos: 77 assaltos, dois homicídios, dois latrocínios e sete tentativas de morte, todos confessados. Suspeita-se também de que ele tenha estuprado mais de 100 mulheres, porém as vítimas nunca deram queixa.



Acácio foi preso em 8 de agosto de 1967 enquanto estava foragido no Paraná e o comentário era de que ele recebia muitas visitas de mulheres desconhecidas que choravam sua ausencia, com medo de ser envenenado só comia se o alimento fosse provado por alguém na sua frente.. Condenado a 351 anos de prisão após cumprir os 30 previstos em lei, foi libertado em 26 de agosto de 1997, ganhando fama na cidade onde passou a morar, tinha obsessão em vestir roupas vermelhas e quando alguém lhe pedia um autógrafo ele simplesmente escrevia a palavra "Autógrafo" no papel. Porém a sua liberdade não durou muito tempo mesmo dizendo “de briga não vou morrer (…) se me matarem vai ser de bala de ouro”


Chamava a atenção de juízes e promotores um traço da personalidade de Luz Vermelha. Ele confessava os crimes como se estivesse contando vantagens. Apesar de condenado por quatro homicídios, disse ao juiz que havia matado "uns quinze". Dos 88 processos pelos quais foi condenado, nenhum esteve ligado a crime sexual, apesar da fama. 

Chegou a posar nu para um jornal de Santa Catarina, que acabou desistindo de publicar as fotos. O advogado de Luz Vermelha, José Luiz Pereira, tentou vender à imprensa a possibilidade de realizar um ensaio fotográfico do ex-presidiário sem roupa. 

Quando deixou a prisão, Luz Vermelha foi para uma casa de dois quartos tendo que dormir no sofá da sala. Pedia dinheiro ao primeiro que via e era uma celebridade entre as crianças da vizinhança, para as quais deu como suvenires até pregos nos quais pendurava suas roupas na prisão. 

Acácio ao deixar a prisão e sendo maquilado para a entrevista


João Acácio com o bebê Bruna, de 4 meses, na casa de seu advogado, onde passou a noite de terça-feira, quando foi libertado pela polícia

João Acácio pouco antes de ser libertado após trinta anos de prisão

Em Guaratinguetá (SP), o catarinense João Acácio toma refresco em padaria logo após ser solto em 26 de agosto de 97

'Luz Vermelha' é fotografado em Joinville, após ser solto em 1997

Solto, o ex-bandido da Luz Vermelha recebe abrigo na casa de parentes em Joinville com os quais se desentende logo em seguida

O médico Nelson Quirino tem dificuldade para convencer Luz Vermelha de receber tratamento psiquiátrico

Há cerca de trinta dias João Acácio precisou ser sedado para ser levado à clinica psiquiátrica em Curitiba

Depois de analisar o laudo psiquiátrico de Acácio feito quando ele foi preso e o outro, escrito pouco antes de sair, o psiquiatra Claudio Cohen, professor de medicina legal da USP, arriscou um diagnóstico do criminoso. Acácio seria um limítrofe, patologia catalogada no Código Internacional de Doenças. Não tem a personalidade formada e, por isso, age de acordo com a expectativa das pessoas. 

Era instável emocionalmente e de sexualidade confusa. Aparentava ser esquizofrênico, mas demonstrava inteligência ao criar métodos de assalto. Dentro desse quadro, agia como um homem bom enquanto dele se esperava ser bom. Era difícil arriscar um palpite sobre como Acácio seria depois de sair de trinta anos de prisão. 

Sendo assim, Nelson Pinzegher matou "Luz Vermelha" em legítima defesa . Foi um pescador que matou o "Luz Vermelha" com um tiro de espingarda que o atingiu próximo ao olho esquerdo. O fato ocorreu na noite de 5 de janeiro de 1998 em Joinville, Santa Catarina. O pescador atirou no ex-presidiário para defender um irmão, Lírio, que "Luz Vermelha" tentava matar com uma faca. 

Nelson Pinzegher e Acássio

Nelson Pinzegher

Nelson Pinzegher

Nelson Pinzegher
Anteriormente, Nelson e "Luz Vermelha" já tinham se desentendido porque o ex-detento assediava sexualmente a mãe, mulher e filhas do pescador. Nelson Pinzegher fugiu ao flagrante. Apresentou-se dias depois e respondeu ao processo em liberdade. Foi absolvido pelo Tribunal do Júri de Joinville, apesar de ter sido denunciado por crime qualificado. A própria promotoria pediu a absolvição por legítima defesa de terceiro, que era exatamente a tese da defesa.


Curiosos acompanham sepultamento de Luz Vermelha
Poucos parentes e muitas crianças estavam presentes. Acusado pelo assassinato ainda está foragido.





Joinville - O sepultamento de João Acácio Pereira da Costa, mais conhecido por Bandido da Luz Vermelha, assassinado com dois tiros de espingarda na noite de segunda-feira, ocorreu às 16 horas de ontem no cemitério São Sebastião, no bairro Iririú. O velório foi na própria capela do cemitério. Curiosos, crianças, primos e até o irmão de Luz Vermelha, Joaquim Pereira, do balneário de Coroados, em Guaratuba (PR), acompanharam o sepultamento.

João Acácio foi encontrado morto dentro da casa em que residia, na praia da Vigoreli, no bairro Cubatão. Ele estava caído em cima do tapete e tinha uma faca na mão. Conforme o médico legista, Nelson Quirino, Luz Vermelha foi ferido com um tiro na cabeça e outro na clavícula. O suspeito do crime é o pescador Nelson Spinzeghuer, 45 anos, que abrigou João Acácio nos últimos meses e se encontra foragido.



Mesmo tendo acompanhado o funeral, o irmão de Luz vermelha Joaquim Pereira e nem o tio dele, José Pereira da Costa não se responsabilizaram pelo sepultamento, que acabou sendo realizado pelo conselho local de Saúde do bairro Cubatão. Segundo o presidente do conselho, Claudio Bernardes, 33 anos, a Secretaria do Bem Estar providenciou o caixão e a empreiteira Rosa Leite cedeu o túmulo.

"O velório deveria ser realizado na capela do Cubatão, mas a igreja católica se recusou a aceitar Luz Vermelha porque ele não era membro da igreja", fala Bernardes. A secretária paroquial da Igreja Senhor Bom Jesus, Maria da Silva Pereira, justifica. De acordo com ela, a matriz não recebeu nenhuma encomenda de funeral.

O velório de João Acácio foi tranquilo e acompanhado por muitas pessoas. Ao lado do caixão, a prima dele, Maria de Jesus Lopes, 39 anos, chorava. O irmão de Luz Vermelha, calado, disse que não queria falar sobre a morte. Além dos parentes, curiosos e principalmente crianças, faziam questão de ficar ao redor do caixão.

A dona de casa, Ana Santos, 26 anos, foi ao velório porque conheceu José Acácio na segunda-feira. "Reconheci ele pela fita vermelha que usava no pescoço", disse.

'NP' deu destaque a assassinato de estudante em 1966, crime que foi conferido ao 'Luz Vermelha'

'NP' relatou a morte do vigia José Fortunato, em julho de 1967, vítima de João Acácio

Em uma das alcunhas dadas a João Acácio antes da fama no crime, 'NP' o chamou de 'Homem Macaco'

Primeiro retrato falado do 'Bandido da Luz Vermelha' esteve na capa do 'NP' em 15 de julho de 67

Em mais uma menção a João Acácio, 'NP' publicou que o bandido mirava mulheres ricas

Em 8 de agosto de 67, o jornal deu manchete no topo da capa anunciando a prisão de 'Luz Vermelha'

Em 3 de junho de 1982, 'NP' publicou que o 'Bandido da Luz Vermelha' apodrecia na cadeia

Em 15 de setembro de 1967, 'NP' noticiou uma tentativa de fuga do 'Bandido da Luz Vermelha'

A morte de 'Luz Vermelha' foi um dos destaques da edição de 7 de janeiro de 1998 do 'NP'


Livros


Sua vida de crimes inspirou o filme “O Bandido da Luz Vermelha” do cineasta Rogério Sganzerla em 1968. Esse filme porém tem uma continuação ainda sem data de estréia em “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha", “Luz Vermelha” está preso e descobre que tem um filho chamado “Tudo ou Nada”, que seria o verdadeiro bandido.




Cenas do filme

Cenas do filme

Cenas do filme

Cenas do filme

Cenas do filme

Foi satirizado pelos humoristas do programa Hermes e Renato onde até fez um clipe com "Demo Lock MC" (uma sátira de satanás), abaixo segue o link de alguns vídeos do programa.

Melô do Bandido da Luz Vermelha




Hermes e Renato A Hora do Show com Bandido da Luz Vermelha



Demo demoro clipe hermes e renato