quarta-feira, 10 de junho de 2015

CARACTERÍSTICAS DOS ASSASSINOS





Como as descobertas recentes da psiquiatria e da neurociência ajudam a compreender os distúrbios que levam a crimes violentos.

Os cientistas procuram respostas para o comportamento dos criminosos há séculos. E suas conclusões vêm mudando muito desde que o italiano Cesare Lombroso (1835-1909) associou a tendência ao crime a características físicas, como nariz achatado, mandíbula saliente e orelhas grandes. Para ele, criminosos seriam indivíduos em estágios primitivos da evolução humana. A hipótese esdrúxula e inconsistente de Lombroso só teve um efeito: alimentar o ódio, o preconceito e o racismo. Descobertas recentes da psiquiatria e da neurociência, que se dedica a estudar as funções cerebrais, têm ajudado a compreender o que motiva alguém a matar, torturar e violentar. Pesquisas realizadas no mundo todo mostram que o comportamento violento não tem uma causa única. É resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. 

Desde o final da década de 1980, Adrian Raine, um professor de psicologia da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, estuda o comportamento de homicidas. Durante seus primeiros trabalhos, ele mostrou que os condenados que agiram por impulso tinham menor atividade metabólica na área do cérebro conhecida como córtex pré-frontal. Dessa área dependem o planejamento e a tomada de decisões. Ativado quando o indivíduo simula mentalmente cenários futuros, o córtex pré-frontal permite escolher uma opção sem ter de experimentar cada alternativa do mundo real. Recentemente, Raine examinou criminosos violentos que atuaram de maneira premeditada. Seu estudo revelou que o volume de massa cinzenta do córtex pré--frontal nos condenados era 22,3% menor que em cidadãos comuns. De acordo com Raine, eles também apresentaram anomalia numa estrutura cerebral que permite ao indivíduo comparar as condições de uma ameaça atual com ameaças passadas, conhecida como hipocampo. Essa alteração, segundo o estudioso, pode afetar o processamento correto das emoções – em alguns casos levando a surtos de violência. 

Mais da metade dos crimes violentos e em série nos Estados Unidos são atribuídos a psicopatas, que somam 20% da população carcerária americana. Suas principais características: frieza, falta de remorso, egocentrismo, baixa tolerância à frustração, insensibilidade e incapacidade de ter sentimentos altruístas e compaixão. Geralmente inteligentes, os psicopatas são mentirosos, manipuladores e não conseguem se enquadrar nos padrões éticos e morais da sociedade. Vivem para satisfazer seus próprios desejos. Mesmo que, para isso, tenham de desfalcar uma empresa ou matar alguém. Psicopatas não têm alucinações ou delírios. Sabem distinguir o certo do errado. Não podem ser considerados “doentes”. E não têm “cura”. O que os caracteriza é um defeito de caráter. “Para um psicopata, cortar uma pessoa ou um barbante é a mesma coisa”, diz o neurologista Ricardo de Oliveira. O índice de reincidência criminal entre os psicopatas é superior a 70%, segundo a psiquiatra forense Hilda Morana. “O ideal é que eles fossem diagnosticados e colocados em unidades separadas”, diz.

São considerados psicopatas aqueles com uma condição conhecida tecnicamente como “transtorno de personalidade antissocial global”. Eles representam cerca de 1% da população dos Estados Unidos, segundo o psicólogo canadense Robert Hare, da Universidade da Colúmbia Britânica. Calcula-se que a proporção mundial seja semelhante à dos Estados Unidos. “Nem todo psicopata é assassino e nem todo assassino é psicopata”, diz Hare. O caso do ex-médico Farah Jorge Farah é um exemplo disso. Exames psiquiátricos revelaram que, ainda que tenha matado e esquartejado, Farah não sofre de psicopatia. 

Hare criou o método mais célebre para descobrir quem é psicopata, conhecido pela sigla PCL-R (“lista de verificação de psicopatia”, na tradução do inglês). A lista tem 20 itens, que servem para examinar a ocorrência de problemas como ausência de remorso ou culpa, mentira patológica e versatilidade criminal. Um psiquiatra ou psicólogo treinados pontuam cada um dos itens. A soma de todos determina o diagnóstico, cujo resultado é expresso numa escala de 0 a 40 pontos. Essa ferramenta é usada em países como Inglaterra, Alemanha, Canadá e Estados Unidos. Também foi usada pelos neurologistas Ricardo de Oliveira Souza e Jorge Moll Neto em pacientes do hospital da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) para selecionar os participantes de uma pesquisa conduzida por eles. Os psicopatas estudados pelos neurologistas, no entanto, não são prisioneiros nem criminosos perigosos. São pessoas que costumam adotar atitudes consideradas antiéticas e arriscadas, como passar cheques sem fundo, dirigir em alta velocidade e abusar do consumo de drogas. O objetivo era demonstrar que, embora tenham mais predisposição, nem todos os psicopatas se tornam homicidas.

Dois assassinos célebres do Brasil já foram submetidos ao teste de Hare. O primeiro é Mateus da Costa Meira. Em 1999, esse ex-estudante de medicina metralhou três pessoas e feriu outras quatro numa sala de cinema de um shopping paulistano. Ele não manifestou remorso. “Colegas psiquiatras me contaram que o Mateus lamentou ter cometido o crime antes de se formar na faculdade, já que, como médico, teria direito à prisão especial”, diz o psiquiatra forense José Geraldo Taborda. O outro assassino foi Francisco de Assis Pereira, conhecido como Maníaco do Parque. Ele estuprou, torturou e matou pelo menos seis mulheres e atacou outras nove no Parque do Estado, em São Paulo. Submetidos ao teste PCL-R, Meira e Pereira apresentaram pontuações altíssimas e foram, portanto, considerados psicopatas.

Há um intenso debate entre os especialistas sobre as causas da psicopatia. A visão tradicional afirma que o principal fator são traumas na educação e na criação. Alguém que tenha sido abandonado ou violentado na infância teria, segundo essa visão, mais chance de desenvolver psicopatia ou outros desvios de comportamento. Um dos principais representantes dessa corrente é o psicólogo americano Philip Zimbardo. Para ele, qualquer ser humano é capaz de atitudes horrendas sob certas circunstâncias. 

Zimbardo defende essa hipótese controversa desde 1971, quando fez um experimento com alunos de psicologia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Ele recriou o ambiente de uma prisão em laboratório e escolheu aleatoriamente 24 universitários para conviver no local durante duas semanas. Uma parte como agentes penitenciários, a outra como prisioneiros. O experimento teve de ser interrompido porque os guardas se mostraram sádicos, e os prisioneiros se tornaram depressivos e estressados. De acordo com a interpretação de Zimbardo, a sensação de anonimato pode induzir seres humanos a agir de maneira antissocial. Em seu livro The Lucifer effect: understanding how good people turn evil (O efeito Lúcifer: entenda como pessoas boas se tornam malvadas) , ele argumenta que poucos resistem à pressão que pode existir dentro de uma prisão.

Estudos recentes, porém, colocam peso em outros fatores como causadores da psicopatia – entre eles, genética e lesões físicas no cérebro. A relação entre as lesões e o comportamento infantil foi pesquisada por um dos maiores neurologistas da atualidade, o português António Damásio. Entre os casos que ele estudou está uma menina que, aos 15 meses de vida, sofreu ferimentos graves na cabeça num acidente de carro. Segundo Damásio, aos 3 anos ela começou a manifestar distúrbios de comportamento. Passou a se recusar a cumprir regras, além de brigar com professores e colegas. Mais tarde, revelou o hábito de mentir e roubar. Os ataques verbais e físicos eram constantes. Nenhum de seus irmãos – que tiveram a mesma educação e criação – manifestou atitudes semelhantes.

Outro caso documentado por Damásio foi um bebê que, aos 3 meses, sofreu uma cirurgia para retirada de um tumor no córtex frontal. Aos 9 anos, o menino não se interessava pela escola, se isolava e passava a maior parte do tempo livre assistindo à televisão ou ouvindo música. Ele também desenvolveu o hábito de ameaçar os colegas fisicamente. Quando crianças sofrem lesões no cérebro frontal, dizem os cientistas, as consequências comportamentais geralmente são mais graves que em adultos. Desde então, evidências neurocientíficas têm sido usadas nos tribunais americanos para tentar livrar os acusados da cadeia ou abrandar suas penas.

No final de 2005, a Suprema Corte americana proibiu a pena de morte para menores de 18 anos. Cientistas alegaram que jovens não são capazes de controlar seus impulsos como os adultos, pois o desenvolvimento dos neurônios no córtex pré--frontal não está completo até os 20 anos. É possível que essa decisão esteja correta. E é natural que os advogados usem com frequência cada vez maior argumentos científicos que os ajudem a atribuir os crimes a fatores alheios à vontade dos acusados. Esses avanços são benéficos para a sociedade, pois as raízes da violência devem ser conhecidas e tratadas na medida do possível. Mas não se pode esquecer que cada indivíduo sempre deve ser responsável por seus atos. 

Fonte: Revista ÉPOCA

Leandro Basílio Rodrigues – “Maníaco de Guarulhos”



Em Guarulhos (SP), na madrugada do dia 27 de agosto de 2008, foi preso um rapaz de 19 anos, que era procurado por ser o suspeito de ter violentado duas mulheres. Mas, nessa noite, ele acabou confessando muito mais: disse ter atacado mais de 50 mulheres e matado duas destas. Segundo a delegada Beatriz Amélia Relva, da Delegacia da Mulher, o jovem, de nome Leandro Basílio Rodrigues, demonstrava frieza, sem menção de arrependimento. Contudo, suas palavras ainda não eram muito confiáveis: segundo a delegada, o jovem é usuário de crack e parecia estar drogado ao ser preso, pois suas respostas eram confusas, contraditórias.

Nos dias seguintes, descobriu-se que ele não mentira muito.

Os números eram incertos, mas realmente Leandro não apenas havia estuprado várias mulheres, como realmente é um assassino em série (ou, popularmente, um “psicopata”). Mais um serial killer brasileiro, o “Maníaco de Guarulhos”.



A compulsão por matar do assassino em série

O caso passou a ser acompanhado pelo Setor de Homicídios de Guarulhos, e o delegado responsável, Jackson César Batista, conversou com Leandro. Disse que o jovem não conseguia explicar porque cometia os crimes. “Matar já é um vício.”, afirmou para o delegado.

As vítimas era levadas a locais ermos, para os quais Leandro as atraía oferecendo drogas.

Fingindo estar com uma arma embaixo da camisa, Leandro as ameaçava e as violentava. Algumas destas mulheres estrupadas, ele assassinou, por estrangulamento. Após o homicídio, as despia completamente e ficava observando o cadáver.

Há ao menos 5 mortes que podem ser imputadas a Leandro Basílio, de mulheres na faixa dos 20 aos 30 anos, sendo que uma destas estava grávida. A primeira pode ter sido sua própria “esposa”, quando ele tinha ainda 17 anos e morava em Minas Gerais – ele afirma que fez isto porque ela o traiu. Após matá-la, colocou fogo em seu corpo – disse aos vizinhos que estava queimando lixo, e depois foi para seu trabalho, tranqüilamente. A avó descobriu, e ele a ameaçou também. Para a polícia, há outros casos que podem ser de autoria do Maníaco de Guarulhos. A investigação continuará.

A primeira vítima a ser identificada foi Gisele Cabral de Souza. A jovem, de 25 anos, foi morta no ginásio municipal de esportes Pascoal Thomeu e seu corpo foi encontrado nu pela polícia. Viviane da Silva Correia, foi morta às 18h do dia 30 de setembro de 2007 na Vila Rio. Aline Sena da Rocha, 19 anos, foi assassinada a cerca de 700 metros do local onde Rodrigues foi preso. Ele também confessou ter esganado a empregada doméstica Juliana Teixeira Nascimento, no dia 30 de maio. 

A polícia identificou Rodrigues porque havia recebido fotos da Delegacia da Mulher, que já o apontava como suspeito de estupros no município. Em 10 dias, ele fez quatro vítimas, duas delas fatais. Duas mulheres que sobreviveram a ataques reconheceram em Rodrigues o criminoso que estrangula suas vítimas. Segundo a polícia, ela escapou com vida porque desmaiou e foi dada como morta pelo criminoso. Ambas foram vítimas de estupro e roubo.

- Reconheci. É o mesmo cara que me atacou. As características são iguais. Aquele rosto eu nunca mais vou esquecer isso na minha vida - disse uma das mulheres.



O problema é que Rodrigues pode ter falado demais por ter consumido crack. Ao ser reconhecido e preso pelo policial militar, ele estava com papel alumínio e cano de PVC usados para consumir a droga. A PM confirmou que ele estava drogado. A delegada indiciou Rodrigues por estupro, roubo e homicídios.

Nos seus contraditórios depoimentos, Leandro posteriormente tentou negar os estupros, dizendo ser impotente por causa das drogas, mas os exames comprovaram que as vítimas foram sim estrupadas. E após a divulgação de sua prisão, mais vítimas de violência sexual apareceram para acusar Leandro.

Dois destes homicídios cometidos pelo “psicopata” ocorreram com apenas 24 horas de intervalo, sendo que o último deles foi poucas horas antes de ser preso, o que evidencia o fenômeno conhecido como “escalada”, comumente observado entre serial killers: os crimes vão crescendo, tornando-se mais agressivos e freqüentes. Ainda menor, Leandro foi detido na FEBEM de Belo Horizonte, por roubo. De lá fugiu e passou por outros estados. Em um dos depoimentos, afirmou ter feito vítimas por onde passou, incluindo-se o estado do Rio de Janeiro.


JULGAMENTO

'Maníaco de Guarulhos' tem pena de 111 anos 
Em 2012, ele havia sido condenado a 25 anos por asfixiar e estuprar garota.
Publicado 23/04/2015 circuitomt.com.br


Leandro Basílio Rodrigues, conhecido como o ‘Maníaco de Guarulhos’, foi condenado a mais de 111 anos de prisão por matar quatro mulheres para fazer sexo com os corpos delas entre os anos de 2007 e 2008. O julgamento ocorreu na última sexta-feira (17), no Fórum de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo.

Em 2012, Leandro já havia sido condenado a 25 anos de prisão pelos mesmos crimes de assassinato e vilipêndio de cadáver, mas só contra uma outra mulher.

Pela lei brasileira, um condenado não pode ficar mais de 30 anos preso.

Leandro está detido desde 2008, quando tinha 19 anos de idade. Naquela ocasião, ele ficou conhecido na imprensa como ‘Maníaco de Guarulhos’ por ter confessado que matou e estuprou 50 mulheres, crimes estes que não foram todos comprovados.

De acordo com o Ministério Público (MP), Leandro pode ter feito nove vítimas, todas mulheres, no total: cinco em Guarulhos, duas no Rio e, quando ainda era menor de 18 anos, outras duas em Belo Horizonte. Ele ainda responde por mais 13 crimes, como tráfico de drogas, roubos e estupros.

Na semana passada, Leandro foi considerado culpado pelo júri popular pelos assassinatos de quatro mulheres: Keiliane Leite da Silva (no dia 7 de setembro de 2007), Viviane da Silva Correa (em 30 de setembro de 2007, Juliana Teixeira do Nascimento (entre 29 e 30 de maio de 2008) e Aline Sena da Rocha (26 de agosto 2008).

De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Leandro ainda teve relações sexuais com os cadáveres das vítimas após mata-las.

Segundo o promotor Rodrigo Merli Antunes, ele atraía as mulheres oferecendo droga a elas, depois as levava a um local ermo, onde as espancava e asfixiava. Em seguida, despia os corpos para fazer sexo com eles. “Nos anos de 2007 e 2008 ele matou e vilipendiou o cadáver de quatro jovens, todas mulheres”, argumentou Merli.

“Leandro é portador de personalidade violenta e antissocial, tendo cometido uma série de homicídios com alto grau de repulsividade, tudo a indicar ser um verdadeiro necrófilo e serial killer”, escreveu o promotor na denúncia. “O agente é um assassino em série e nutre pelas mulheres um sentimento de vingança”.




A sentença condenatória de Leandro foi dada pela juíza Maria Gabriela Riscali Tojeira. Ela deu a ele 106 anos de prisão pelos assassinatos das quatro mulheres e mais 5 anos e seis meses de reclusão por violentar sexualmente os cadáveres. O réu, que antes do julgamento chegou a confessar os crimes (indicando nomes das vítimas, datas e locais), negou os assassinatos durante o júri.

Como está preso preventivamente, a espera de outros julgamentos por crimes que cometeu, ele não poderá recorrer da sentença em liberdade.

Em 2012, ele foi condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato de Gisele Cabral de Souza, e mais 5 anos de reclusão por ter feito sexo com o corpo dela em agosto de 2008. Gisele foi a última vítima de Leandro. Ela foi atacada no estacionamento de um estádio esportivo. Acabou asfixiada até morrer.O G1 não localizou o advogado de Leandro para comentar o assunto. O condenado estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba, no interior de São Paulo.Fonte: G1

Algumas das vítimas

Aline Sena Rocha, de 21 anos, morta em um terreno baldio de Guarulhos





Vanessa Kimura , de 20 anos, foi morta em Cumbica, Guarulhos





Vanessa Batista de Freitas, de 22 anos, morta em Guarulhos. Três inocentes foram acusados pelo crime



Família mostra foto de Renata Cassia de Oliveira, de 18 anos, outra vítima do maníaco


O corpo de Renata foi achado ao lado da linha do trem, em Itaquaquecetuba


Eliria Monteiro Teixeira, mãe de Juliana Teixeira do Nascimento, de 27 anos, assassinada em Guaruhos



Fonte:

“Não há defesa contra serial killer”


Ilana Casoy explica por que rezar é a única
arma contra esse tipo de criminoso



“Queria que fosse como o Freddy Krueger, aí sairia correndo. Mas ele não anda torto, é comum’’
Reportagem ISTOÉ Gente
16/09/2002



Por que não falou com um serial killer para fazer o livro?
Preciso concluir se o que eles têm a dizer vai contribuir para meu trabalho. Relato, como leiga, os casos. O serial killer é um mentiroso patológico. E não tenho técnica de interrogatório que induziria um diagnóstico. Para ter isso, leio laudos.

Mas não tem curiosidade?
Visitei o presídio da polícia militar Romão Gomes, onde um preso de lá, que gosta de escrever, conversaria com os condenados mais famosos e escreveria as histórias para mim. Conversando com o preso-escritor, perguntei se o Cirineu Letang, um PM serial killer que matou seis travestis, estava preso lá. E o preso me disse: “Tá! Por quê?”. Expliquei que preparava um livro sobre serial killers brasileiros. Aí ele se alterou: “O Cirineu é meu amigo. Ele é dez, um PM maravilhoso”. Fiquei apavorada. Imagina eu, numa sala, com um serial killer!

Temia que ele pudesse matá-la?
Não tenho medo de morrer e sim do sofrimento. Vamos lembrar do Tim Lopes. Qual o custo-benefício disso? O que um serial pode me contar que não saberia sem falar com ele? Tenho uma família que amo que não merece que eu me exponha tanto. O Tim, para o que se dispôs a fazer, tinha de estar na favela. Eu tenho de falar com um serial killer? Até hoje, não.

Vários alegam estar possuídos pelo demônio quando cometem os crimes. O que acha disso?
Todos arranjam desculpa para se tornar criminosos. O (Henry Lee) Lucas (que matou entre 6 e 200 pessoas) culpou a infância. O pai do (Jeffrey) Dahmer, canibal que matou 17, achava que o filho tinha um defeito no cérebro. O (Ted) Bandy disse que a pornografia estragou a vida dele. O (John Wayne) Gacy culpava as vítimas! Podemos culpar o demônio também. Mas é uma saída muito fácil, porque contra o demônio não tem cura.

Há como evitar um ataque?
Não há defesa contra serial killer. Rezar é a única coisa a fazer. Cairia na armadilha do Ted Bundy hoje, depois de escrever o livro. Ele se engessava, andava de muletas e pedia ajuda para carregar livros até o carro. Era galã, formado em direito e falava várias línguas. Eu queria que um assassino desse tipo fosse como o Freddy Krueger, porque aí sairia correndo. Mas ele não tem cicatriz, não anda torto, não tem parafuso no pescoço. É invisível, comum. E as pessoas também não têm noção de que são vítimas. Se eu sair no trânsito pendurada de brilhante e relógio rolex, estará escrito “vítima” na minha testa. No caso de um serial killer, você pode ser vítima porque é moreno ou alto. Tinha um na Grécia que matava quem o chamasse de baixinho!

Uma infância problemática é decisiva na formação de um serial killer?
São três os fatores: biológico, psicológico e social. Mas as infâncias de 82% dos assassinos são péssimas. Tem um serial killer americano que até os 8 anos era vestido de menina pela mãe. Pode imaginar um garoto ir para a escola vestido de menina, sapatinho de boneca? Ele era tão espancado em casa que perdeu um olho, tinha olho de vidro. Acha que pode sair um ser humano equilibrado daí?

Que fatores biológicos explicam o comportamento de um serial killer?
Há estudos que mostraram que a maioria deles no corredor da morte tem uma lesão na parte límbica do cérebro, que faz com que percam controle sobre emoções, como raiva e medo. Há uma pesquisa nova sobre uma enzima que alguns possuem desde o nascimento. São enzimas de busca de adrenalina e quem as possui precisa de mais adrenalina do que os outros. Esses indivíduos podem se tornar pára-quedistas, investigadores de polícia, equilibristas de circo ou, dependendo da infância e o meio social, vão para o crime.

No livro, só há uma serial killer mulher.
As mulheres matam em geral com veneno ou são “anjos da morte”: matam maridos doentes terminais. Mas essa mulher do livro (Aileen Wuornos, que matou sete pessoas nos EUA) mata como homem, atirando. Há muito menos mulher serial killer, 10%. A mulher quando abusada na infância, reage diferente do homem. Ela tende à depressão, suicídio, não é tão raivosa. Mas tem algumas que põem arsênico na comida do marido para matá-lo. O cara vai parar no hospital com problemas estomacais e a mulher continua levando sopa na cama para o marido com arsênico. Fica difícil de se descobrir. Também quase não existem negros serial killers. Achei interessante a explicação de um psiquiatra americano: quando uma criança negra é abandonada porque os pais são drogados ou alcoólatras, a avó assume a criação dela. Os laços familiares são mais fortes entre os negros.

A polícia brasileira está preparada para identificar um serial killer?
Alguns delegados sabem muito do assunto. A chefe da perícia da delegacia de homicídios de São Paulo dá aula de assassinos em série na academia militar. O Maníaco do Parque, se não confessasse as mortes, poderia ser condenado graças a uma única prova material levantada pela perícia. No braço de uma das vítimas foi fotografada de noite no meio da mata a marca de uma mordida do Maníaco. Ele foi levado para o DHPP oficialmente para um exame de fimose, mas tiraram um molde odontológico que, comparado com as fotos da mordida, combinou em todos os detalhes.

O Chico Picadinho (Francisco da Costa Rocha, serial killer brasileiro preso por estrangular e esquartejar duas mulheres) já cumpriu a pena. Por que não foi solto?
Ele não vai sair, muito por causa do erro que cometeram com o Luz Vermelha (João Acácio Pereira da Costa, condenado por 88 crimes, entre eles 4 assassinatos, e solto em 1997). O Luz Vermelha não poderia ser solto por poder matar de novo, mas porque era um nabo vestido de gente, era para o bem dele! Ele tinha sífilis 30 anos atrás. Imagina quanto essa doença degenerou o cérebro dele. Quando foi preso, era galã, recebia rosas vermelhas. Ao sair, era uma sombra do que foi. O psiquiatra que fez o laudo do Luz Vermelha foi execrado. Se o laudo fosse mandado para o papa, o Luz Vermelha seria canonizado. Falava-se de “o bom moço”, “o regenerado”. Soltaram-no e ele foi morto ao se meter numa briga.

Como estão mantendo o Picadinho preso?
A Justiça criminal não pode mantê-lo preso. Uma promotora entrou com um processo de interdição na Justiça civil, em 1998. É como se seu pai ficasse louco e gastasse todo o dinheiro da família e você o interditasse até que ele provasse não ser louco. O Picadinho nunca vai provar que não é louco. Ele não é louco e sim psicopata. E psicopatia não é doença e sim transtorno de personalidade e não tem cura. Ele é tão cruel que na infância lhe disseram que gato tinha sete vidas. Ele foi matando o animal, apunhalando, afogando e ficava vendo se morria mesmo.

E a pena máxima continua sendo de 30 anos.
Há duas curas para um psicopata: preso ou morto. Tem um psiquiatra russo que trata adolescentes com perfil de psicopata. As mães levam até ele os filhos que matam animais, ateiam fogo em objetos, têm fantasias de crimes, mas não mataram gente. Nenhum serial killer começa matando e sim com pequenos delitos. Tem um menino procurado pela polícia que esse médico esconde. Ele já estuprou e espancou uma moça. Vai matar!

Fonte:
Reportagem ISTOÉ Gente

André Barboza "Monstro da Ceasa"




Andre Barbosa, esse é o nome do monstro da Ceasa, que estuprou e matou três crianças no período de dezembro de 2006 a março de 2007 na mata que fica próximo a Ceasa. Ele confessou ter assassinado as três crianças após procedimentos psicológicos usados pela policia civil. O celular dele, que foi encontrado na mata, foi peça fundamental para o desvelar do caso.


José Raimundo Oliveira, Adriano Martins e Ruan Sacramento foram as três vitimas do serial killer, as investigações para pega-lo já tinham 6 meses, participaram da investigação o delegado Fernando Flávio, os investigadores Rui Santos, Anderson Almeida, Afonso Rodrigues, Muniz e Clério; o perito Vamilton Albuquerque (Centro de Perícias Renato Chaves); e as especialistas em assassinos em série, Cyntia Amorim, Ilana Casoy e Adelaide Cairos, as duas de São Paulo.

Com a confissão, detalhes escabrosos - o assassino, que fora adotado quando tinha três meses, foi abusado sexualmente entre os seis e os sete anos; declarou-se fã de armas, guerras e de Adolf Hitler; conhecia e visitava para consolar as famílias das vítimas; foi aos três enterros e chorou sobre o caixão de um dos adolescentes; matava entre dezembro e março por ser mês de festas familiares, em que sentia inveja das crianças e adolescentes na companhia dos parentes; disse que ouvia 'vozes' enquanto cometia os crimes e que, depois, não encontrava explicação para os fatos, ainda que se reconhecesse como o responsável.

André Barbosa também afirmou que, durante a noite do dia de cada crime, ficava em desespero e que, quando via os noticiários sobre as mortes, não acreditava que ele tivesse cometido os crimes, apesar de se lembrar de todos.

Também explicou com quais golpes dominava as vítimas: 'triângulo', 'arm lock' e 'guilhotina' e um outro que aplicava pelas costas dos adolescentes, de nome 'mata-leão'. André contou ainda que todas as mortes foram causadas por estrangulamento, usando cordas de nylon. Ele disse que estrangulava quando os garotos já estavam desacordados e que agia sozinho em todos os crimes.

Os policiais também quiseram saber a razão pelo qual os assassinatos eram praticados entre dezembro e março. André disse que essa era a época em que via os filhos reunidos com as famílias, por causa de festas como o Natal e o Ano Novo. E, por ter sido adotado, ele não estava com os pais biológicos nessas datas especiais, e sim com os adotivos. Sobre a idade das vítimas que atacou, entre 11 e 15 anos, disse que não as escolhia pela idade, mas que o fazia de forma aleatória.

HISTÓRICO

Morador do mesmo bairro dos meninos e amigos deles, Andre Barbosa, 26, ex-militar do exercito, paulista, veio para Belém quando era criança, usou de seu treinamento militar para matar e violentar os garotos, ele se aproximava das vitimas para conquistar a confiança, oferecia dinheiro para eles com a justificativa de reparar a sua bicicleta enquanto ele iria pagar conta, então era quando ele levava os “xaropinhos’, como ele disse, para a mata.

Em seu ultimo ataque, mal sucedido, ele teria tropeçado em um tronco, foi quando o menino conseguiu fugir, e deixou também seu celular cair na mata, então assim não existiu um homem salvador. 19 números conseguiram ser rastreados dos celular, ajudando a policia a localização do suspeito.

Seus vizinhos declararam que ele era “um ótimo rapaz”...

André Barbosa contou aos policiais civis ter sido violentado sexualmente várias vezes quando tinha de seis para sete anos de idade, por um homem que se chamava 'Max'. Esse homem teria sido morto por causa de problemas com traficantes de drogas, no bairro do Guamá.

De acordo com André, 'Max' lhe dava linha e papagaios (pipas) para brincar. Ele contou que, toda vez que era violentado, 'Max' ameaçava matá-lo, caso contasse a história para alguém. André Barbosa revelou que conhecia os três adolescentes que matou. Ele confirmou que freqüentava a mesma 'lan house' à qual as crianças compareciam, na avenida José Bonifácio, de nome 'Fox' e que foi fechada depois das mortes das crianças. Também passou a freqüentar a 'lan house' de nome 'Big Boi', naquela mesma avenida.




VÍTIMAS

José Raimundo Oliveira, 14 anos




No dia 16 de dezembro de 2006, o adolescente de 14 anos, José Raimundo Oliveira, saiu da casa de sua mãe de criação dizendo que ia acessar a internet em uma lan house do bairro onde mora, no Guamá, e depois voltaria para casa. Não voltou nem para casa de sua mãe de criação e nem da mãe biológica, que chegou a ser hospitalizada duas vezes desde o sumiço do menino. 

Primeira vítima do matador da Ceasa, embora a última a ser identificada, José Raimundo de Oliveira, de 14 anos, desapareceu no dia 16 de dezembro de 2006. O corpo dele foi encontrado quatro dias depois, completamente nu, sem cabeça, sem órgão genital e em avançado estágio de decomposição. A necropsia realizada à época não foi capaz de descobrir a identidade e nem a causa da morte. Por isso, o jovem foi enterrado como indigente no cemitério do Tapanã. José Raimundo ainda constava dos arquivos da Polícia como ‘desaparecido’, quando, em março de 2007, em novas incursões às matas da Ceasa, a Polícia encontrou uma bermuda e chinelos que foram identificados positivamente pela família. A Polícia solicitou ao Centro de Perícias Científicas Renato Chaves que fossem feitos exames de DNA em amostras do cadáver. A confirmação de que se tratava de José Raimundo veio no segundo semestre.

Adriano Augusto Nogueira Martins, 14 anos



No dia 11 de janeiro de 2007, aproximadamente às 17h30min, foi encontrado o corpo de Adriano Augusto Nogueira Martins, um dia após seu desaparecimento, seminu e estrangulado por um corda de náilon. Adriano saiu da casa dos pais por volta das 14h do dia 10 de janeiro, para ir até à oficina eletrônica de seu tio Renato. Como este não estava lá, foi para a lan house, onde permaneceu das 14h às 18h, na avenida José Bonifácio, para participar de jogos de computador.

Ruan Valente Sacramento, 14 anos


No dia 22 de março de 2007, à tarde, foi encontrado o corpo de Ruan Valente Sacramento, 14 anos (completaria 15 anos no dia 22 de abril), desaparecido desde a manhã, após ter dito a sua irmã que ficaria brincando em frente de casa. Por volta das 8h30min, a garota não mais o viu e achou que ele tivesse ido à casa dos primos, que moram ali perto. Às 11h ele deveria retornar para ir à escola, mas não voltou.

As três vítimas estudavam na Escola Estadual Ruth Rosita, frequentavam a mesma lan house do bairro onde moravam e desapareceram nas mesmas circunstâncias – ao dizerem que iriam até a lan house acessar a internet. A polícia passou a desconfiar que o assassino tenha entrado em contato com as vítimas através da internet quando examinou as páginas que as vítimas mantinham no Orkut.

Apenas fevereiro de 2008, ao cometer um erro, o “Monstro da Ceasa” foi identificado: André Barboza, ex-militar, ao atacar o menor J. M., de 11 anos, após ter oferecido a este R$ 10 para que consertasse sua bicicleta (de André), enquanto fazia compra na Central de Abastecimento do Ceasa. Porém, escorregou na mata e a vítima conseguiu fugir. André perdeu o celular na mata e o garoto, que sofreu violência sexual, o reconheceu. Foi preso em sua casa, no bairro Guamá, e confessou.

A única vítima que sobreviveu ao ataque de André Barboza, um menino de 11 anos, confirmou, , durante a sessão de julgamento do acusado, que foi abusado sexualmente pelo acusado. 'Ele queria me matar. Só não conseguiu porque chegou uma pessoa na hora', disse o menor.

O adolescente foi a primeira testemunha a ser ouvida na sessão de julgamento. Ele foi ouvido na condição de informante e acompanhado de dois psicólogos. Por ser menor de idade, o juiz pediu que o acusado fosse recolhido a uma sala separada e não acompanhasse o depoimento dele. O juiz Edmar Pereira também pediu aos profissionais de imprensa que acompanhavam o julgamento, que desligassem seus equipamentos e não fizessem imagens do menor.

Segundo o menor, André Barbosa, ofereceu a quantia de R$ 10,00 para que ele vigiasse sua bicicleta enquanto ele ia ao banco retirar um dinheiro. O menor seguiu então com ele até as matas da Ceasa.

'Chegando lá ele me deixou com a bicicleta com a identidade e o celular dele e entrou na mata', disse o menor.

Ainda segundo a vítima, depois disso, o acusado passou a agredi-lo e mandou que ele entrasse na mata. 'Ele me deu socos e ponta-pés na cabeça e disse que se eu não fizesse o que ele estava mandando ia me matar', falou o menor.

O garoto disse ainda que desmaiou duas vezes durante o tempo em que estava na mata. Uma quando foi agredido. 'Me fingi de morto, não estava respirando', disse.

Quando acordou já havia sido abusado pelo acusado e viu que um homem que tentava roubar a bicicleta do acusado lutava com André.  Questionado sobre o objetivo do acusado ele declarou. 'Ele queria me matar, só não conseguiu porque o ladrão chegou', disse o menor.

Falando baixo e visivelmente abalado, o menor precisou de um tempo para se recuperar durante as perguntas da promotoria.

Após alguns segundos e depois de tomar um copo d'água ele contou como o acusado o levou para a mata.'Ele veio pegando na minha garganta e dizendo para eu não gritar e não reagir senão ia me matar'.

Todas as vítimas tinham o mesmo perfil. "Eram menores de 15 anos e filhos de pais separados", disse o delegado. Os corpos dos três meninos-dois de 14 anos e um de 11 - foram encontrados com as mesmas características: nus e com o short perto da cabeça, dando indícios de violência sexual.



PERFIL

Tido como rapaz exemplar pelos vizinhos, André era um dos cinco últimos suspeitos – dos 32 iniciais - sobre os quais a força-tarefa da Polícia paraense se debruçara após os assassinatos de José Raimundo Oliveira, Adriano Augusto Martins e Ruan Sacramento Valente, crimes ocorridio entre dezembro de 2006 e março de 2007. Segundo Ilana Casoy, a confirmação de que ele era o Monstro da Ceasa confirmou em grande parte o perfil delineado em abril de 2007 pelas pesquisadoras.

Ela afirma que, ainda naquela época, o perfil encontrado com base na reconstrução do comportamento do criminoso apontava para um serial killer organizado, que levava seu kit-crime para o local dos assassinatos, provavelmente com os nós das cordas já preparados. Ele procurava um local seguro, onde ninguém o visse e pudesse ouvir a vítima, cujo corpo era abandonado no local onde o crime fora cometido. A motivação dos crimes seria sexual e a vítima seria selecionada e estudada com antecedência. Embora o local do crime fosse distante do assassino, a casa de suas vítimas e a lan house que freqüentavam eram próximas dele.

O perfil demonstrava, porém, que, embora as vítimas parecessem relacionadas entre si, elas não necessariamente estariam para o criminoso. Naquela época, o perfil não considerava que André escolhesse as vítimas obrigatoriamente porque estudassem na mesma escola. As vítimas seriam dóceis e de baixo risco social, não-expostas a riscos iminentes tais como estão as crianças de rua, mas seriam facilmente convencidas por dinheiro. O serial killer atacaria sempre por trás e, se houvesse atos de violência sexual, eles seriam realizados após a morte dos garotos. O perfil também considerava provável que o assassino já tivesse sido vítima de violência sexual.

Assassino poderia voltar a agir a qualquer hora

O perfil também sugeria uma evolução do modus operandi do assassino, evidenciado por um comportamento mais 'eficiente' de André na morte de Ruan, o último garoto a ser assassinado. A data de aniversário das vítimas não seria um fator de seleção, mas se constituía num dado importante: os três garotos assassinados estavam perto de completar 15 anos. 'Parece-nos que quando as vítimas faziam 15 anos, não as interessavam mais', afirma Ilana, citando descrição do perfil.

Entre as características psicológicas observadas na cena do crime, o perfil citava a disposição dos corpos de forma desrespeitosa quanto à sua sexualidade; agressor aparentemente heterossexual – contrariando pensamento vigente até então no âmbito policial -, possivelmente com disfunções sexuais, como ejaculação precoce; se a homossexualidade estivesse presente, ela não seria explícita; assassino competente socialmente, sem indícios de antecedentes nesse tipo de conduta; suspeitos com antecedentes em pedofilia não se adequariam ao perfil deste serial killer; o ato sexual, se houve, teria sido por violência e não por prazer. O criminoso seria uma pessoa dominadora, de valores rígidos, mandão, de baixa tolerância aos erros alheios, não-sedutor, mas confiável e que dá conselhos morais aos mais jovens, além de possuir trabalho estável.

ENTREVISTA COM O ASSASSINO




“Eu precisava de ajuda” ‘Monstro da ceasa’

Falando de forma pausada, e com os olhos cheios de lágrimas em alguns momentos, o ex-militar do Exército André Barbosa, de 26 anos, diz estar arrependido de ter assassinado os adolescentes José Raimundo de Oliveira, Adriano Martins e Ruan Sacramento. Ele afirmou que não tem uma explicação lógica para os crimes que praticou. Em entrevista exclusiva a O LIBERAL, o acusado afirmou que se arrependia depois de matar os adolescentes, mas que não conseguia controlar tais atos violentos. Depois, e como se os crimes tivessem sido cometidos por outra pessoa, procurava as famílias das vítimas, a quem oferecia solidariedade e ajuda para localizar o criminoso.

Relatando problemas que teve na escola e na infância, quando diz ter sido abusado sexualmente por um traficante, o que ocorreu dos cinco aos sete anos, André diz que deixou pistas para que a Polícia o prendesse, deixando, por exemplo, o celular no local em que atacou um garoto de 11 anos. Ele também diz que há muito tempo vem alimentando a idéia de se matar, para, assim, conseguir sua 'liberdade'. E, sem citar as palavras crime e morte, garante que não é um 'monstro' e merece uma 'segunda chance'. Por fim, pede aos pais que dêem mais atenção a seus filhos. Foi preciso muita cautela para entrevistar André, porque, de repente, segundo os policiais, ele poderia se fechar e não querer mais apresentar sua versão dos fatos.

Assassino diz que deixou pistas para que a Polícia pudesse localizá-lo

André, você está está arrependido dos crimes que cometeu?
Estou.

Por quê?
Porque eu traí a confiança de muita gente. Da minha família, dos meus vizinhos. Eles me respeitavam. Eu perdi a amizade de todo mundo que me respeitava.

Por que você matava os adolescentes?
Eu mesmo não consigo obter explicação. Quando chegava nessas horas, quando eu ia me tocar, eu já tinha feito. Não dava mais para voltar atrás.

Mas quando você atacava os meninos o que se passava na sua cabeça?
(Algo) Batia na cabeça quando eu fazia, aí não dava para voltar. O arrependimento vinha depois. Ao deitar de noite, eu pensava no sofrimento das famílias.

Por que, depois, você procurava as famílias, demonstrando solidariedade?
Eu sabia o que elas (as famílias) estavam sentindo. Eu estava pronto para apoiar da maneira como fosse preciso. Eu levava meus sentimentos.

A Polícia diz que você foi ao enterro dos três adolescentes. É verdade?
Não fui nos enterros.

Por quê?
Não tinha coragem de ir.

Você se lembrava dos meninos mortos?
Eu me lembrava algumas vezes quando falava com as famílias.

E o que acontecia nesses momentos, quando você lembrava?
Eu tentava agir normalmente. Como se não fosse eu que tivesse feito aquilo. Eu me arrependia muito, profundamente.

Você chorava?
Chorava, mas esse (o que matava) não era eu.

O que se passava na sua cabeça na hora em que você atacava os meninos?
Dava um branco na hora. Não batia pensamento nenhum. Quando eu me tocava, já tinha feito.

Do que você se lembra exatamente?
Lembro de levá-los para a mata, exceto fazer a execução deles. Parece que era outra pessoa que surgia do nada.

E por que isso acontecia?
Era mais forte do que eu. Não tenho como evitar.

Você conhecia os três adolescentes?
Eu os conhecia há poucos meses.

Os conhecia de onde?
Lá de perto de casa.

O que eles representavam para você?
Amigos. A gente se divertia nos cyber, nos jogos.

E o menino de 11 anos, você o conhecia?
Não conhecia ele.

Como você o encontrou?
Eu ia para o banco (na quarta-feira da semana passada). De repente, emendei pela Quintino. Aí eu o vi, pela primeira vez. Eu convidei ele para ir de bicicleta, para ele observar minha bicicleta. Eu disse que daria a ele R$ 10,00.

Até aí é você quem está agindo ou essa outra pessoa sobre a qual você não tem controle?
Sou eu mesmo. (Nesse momento, André afirma que foi ele quem deixou as pistas que levaram à sua prisão).

Por que você deixou pistas?
Eu vi a movimentação (dos policiais e nos arredores da casa dele). Se eu quisesse escapar, ninguém conseguiria pegar. No dia em que eles me pegaram... Eu queria me entregar. Eu mostrei a minha documentação para o menino de 11 anos.

Por que você mostrou seus documentos de identificação?
Porque eu queria que ele gravasse meu nome (agindo assim, o menino poderia ajudar a Polícia a identificá-lo depois).

A Polícia diz que, ao atacar o menino, você escorregou e deixou o celular cai na mata.
Eu peguei o celular, mas o deixei no chão.

Por que você faria isso?
Era uma forma de lutar contra tudo isso. Eu queria que a Polícia me localizasse. Não queria matar. Eu deixei pistas para a Polícia chegar até mim.

Por que você queria se entregar?
Porque eu precisava de ajuda.

Você abusou do menino de 11 anos?
Eu o imobilizei e o soltei. Eu deixei ele vivo.

Mas por que, então, você o levou para a mata?
Era uma forma de a Polícia chegar até mim. E fazer eu parar.

Você sabia que os policiais estavam à sua procura?
Eu sempre soube, desde o início. Eu observava a presença dos policiais, sabia que eles estavam por perto.

Por que você não se entregou, então?
Por causa de toda essa movimentação. Por medo de perder a vida, sem poder me expressar.

Você se considera um homem bom?
Eu sempre fui bom. Na vizinhança, ninguém reclama de mim.

Quando tudo isso começou (o ataque aos adolescentes)?
Não sei. Eu sentia fortes dores na cabeça. Começou há alguns anos. As dores duravam dias, não conseguia dormir.

Você procurou atendimento médico?
Eu fui no hospital, fiz uma tomografia, mas não deu nada.

Quando foi esse exame?
Julho ou agosto do ano passado.

Como eram essas vozes?
Eu sempre escutei vozes. A minha vida inteira. Desde pequeno. Eu não conseguia entender (as vozes). Não dormia. Noites e noites sem dormir.

Eram só vozes?
Também apareciam vultos. Eram espíritos. Não sei explicar.

Você falava isso para alguém?
Eu sempre falava com a minha família, que me dizia para procurar trabalhar esse lado.

Você procurou ajuda?
Não.

Por quê?
Achei que era bobagem. Sempre acontecia.

Quando apareciam as vozes e os vultos?
Só à noite, quando eu deitava.

Você sonhou com os adolescentes mortos?
Nenhuma vez sonhei com eles. Também não via a imagem deles.

Você trabalha?
Ajudava na taberna (da família). À noite, ia para um curso de informática. Ia para o segundo mês lá.

Como você conhecia a área da Ceasa?
Conhecia só quando eu passava de carro por lá. Lá é deserto, não tem nada.

Que horas você levava os meninos para lá?
Eu ia a partir do meio-dia.

Você os levava sempre de bicicleta?
Era.

Eles confiavam em você?
Confiavam.

O que vocês conversavam no caminho até a mata?
A gente falava sobre time de futebol (André torce para o São Paulo e, no Pará, para o Remo), jogos de videogame.

O acontecia quando vocês chegavam na mata?
Eles entravam comigo. Aí, eu imobilizava eles.

Você falava algo antes de imobilizá-los?
Não.

Como você os imobilizava?
Com golpes de jiu-jítsu.

Você praticava essa arte marcial?
Fui praticante.

Quantos golpes você aplicava?
Dois golpes no máximo. Eu neutralizava e deixava eles desacordados.

Esses golpes também funcionariam em um adulto?
Sim. Não há limite para idade. Não é a força, é a técnica.


“Dêem mais atenção aos seus filhos” Edição de 13/02/2008

Explicações:

André Barbosa não se recusa a responder a nenhuma pergunta, mas suas respostas são bastante sucintas. Ele tem dimensão do mal que fez e sabe que será punido, mas pede uma chance e tenta achar explicações para o que fez na violência que sofreu, na mãe que omitiu a morte do pai e até no Exército, que o dispensou - por conta de discriminação racial, segundo ele - após anos de treinamento. André também se diz 'sadio', mas se contradiz ao aconselhar, logo depois, a outras pessoas que possam passar pelo mesmo problema dele: procurem ajuda médica, 'custe o que custar'.

A prisão, afirma com convicção, tirou um grande peso de suas costas.

Entrevista




Quanto tempo isso durava?
Dois minutos e meio, três minutos, no máximo.

Depois, o que acontecia?
Eu amarrava o fio no pescoço.

E depois?
Eu ia embora.

Você não fazia nada com as crianças? Não abusava delas?
Não. Eu ia embora. Não dava para fazer nada.

Que nó era esse que você dava no náilon que usava para estrangular os meninos?
Um nó normal. Nó de forca.

Onde você aprendeu a fazer esse nó?
No Exército.

Você já tinha matado alguém antes dos adolescentes?
Nunca fiz isso.

Já teve problemas com a Polícia?
Nunca tive passagem pela Polícia.

Você consome bebida alcoólica?
Não bebo, não fumo, não tenho vícios.

Você é religioso?
Sou católico. Não vou à igreja, mas rezo em casa.

Você tem namorada?
Já tive.

Quanto tempo durou o relacionamento?
Dois anos.

Você pensou em se casar?
Não tive vontade de casar.

Você quis ter filhos?
Não. Nunca me vi preparado para isso.

Qual seu projeto de vida?
Ir embora para a França (onde mora a mãe biológica dele), para servir na Legião Estrangeira (uma unidade militar da França).

Por quê?
Para mostrar para o Brasil o militar que eles perderam.

Quanto tempo você ficou no Exército?
Oito anos. Cheguei até cabo temporário.

Você acha que o Exército brasileiro não lhe deu a devida importância?
A gente passa por treinamento e, em determinado momento, (o Exército) dá um chute na bunda.

Mas o que você acha que deveria ser feito?
Tem que (o militar) ser aproveitado, independente da patente ou da cor.

Você está insinuando que sofreu discriminação no Exército?
Todo mundo sabe que sempre houve preconceito nas Forças Armadas.

Ao sair do Exército, você não quis ingressar na Polícia?
Não queria ser policial. Eu gostava de ficar em áreas onde pudesse participar de treinamento pesado. Eu gostava de fazer manobras militares.

Você gosta de filmes de guerra?
Gosto.

Qual o seu filme predileto sobre esse tema?
Lágrimas de Sol.

Você gosta de livros sobre guerra?
Gosto.

Qual o livro preferido?
A Arte da Guerra. Gosto muito de História. De ler sobre a primeira e a segunda guerra. Gosto de História em termos geral.

Você é fã do ditador Adolf Hitler?
Eu gostava das idéias dele. Com ele, a Ciência avançou. Só que ele usava a Ciência para o mal. Ele era 'genioso' (um gênio) por ter evoluído a Ciência, mas um burro por usá-la para a maldade.

Você fala das experiências com os judeus?
Sim.

Se a Polícia não tivesse te prendido, você continuaria matando?
Não. Eu conseguiria me dominar.

Como, se você diz que não tinha como controlar essa vontade?
Há muitos dias eu estou com a idéia de me matar. Penso o tempo todo em me matar.

Por quê?
Seria a liberdade.

Liberdade?
Quem plantou fui eu. Quem começou a colher fui eu.

Você teve mais alegrias ou tristezas em sua vida?
Mais tristeza até hoje.

Qual a maior tristeza?
Minha mãe biológica ter me enganado.

Como assim?
Ela passou mais de 20 anos me trazendo mensagens do meu pai. Certo dia, joguei um verde e descobri que ele morreu alguns meses depois que eu nasci.

Você sempre quis conhecer seu pai?
Sim.

Quando você descobriu a verdade?
Em 2006. Eu perguntei o local em que meu pai tinha ficado e ela, sem perceber, me falou da morte dele. Ela tinha que ter me contado. Todo mundo merece saber a verdade.

Como é o contato com sua mãe biológica?
Ela mora na França. É raro ela ir lá em casa.

Há quanto tempo ela mora lá?
Há quase 30 anos.

O que aconteceu quando você soube da morte de seu pai?
Ficou mais difícil o relacionamento (com a mãe biológica). Só que eu não demonstrava minha decepção.

Por quê?
Porque sou fechado.

E como era a relação com sua mãe adotiva?
Sempre a tratei com respeito. Ela era tudo para mim. Ela me criou desde pequeno.

É verdade que ela faleceu recentemente?
Ela morreu de parada cardíaca. Tem 12 dias hoje (ontem, terça)

Você comentou com sua mãe sobre esses crimes?
Não.

André, você se considera um criminoso?
Não.

Por quê?
Porque não fiz por vontade própria.

Você se sente culpado?
(Ele fica em silêncio por alguns instantes). Não. Não fiz por querer.

O que você acha que deve ser feito com você agora?
Preciso de toda a ajuda possível, para pagar o que fiz e poder ajudar quem eu fiz sofrer.

Você tem noção de que vai ser responsabilizado por seus crimes?
Eu sei que vou pagar.

Você acha que a cadeia é o lugar onde você deve ficar?
Se eles acharem que eu vou conseguir mudar na cadeia...

O que você diria às autoridades que vão analisar seu caso?
Que preciso de ajuda psicológica.

Como foi sua infância?
Tem partes boas e ruins.

Quais as coisas boas?
As brincadeiras, a convivência com família e amigos.

E as coisas ruins?
Os professores me maltratavam. Uma professora me dava puxões de orelha.

Por que isso ocorria?
Porque eu gostava da piscina que tinha lá (um colégio que, segundo ele, ainda existe e fica na travessa Castelo Branco). Eu queria estar na piscina. Ela não deixava, me colocava de castigo atrás da porta, puxava minha orelha.

Você gostava de estudar?
Não gostava.

Por quê?
Porque me forçava a fazer o que a gente não quer. Eu não sabia ler, ela (a professora) me obrigava a ler. Eu errava as letras, e apanhava com uma régua de madeira.

Mas você gostava de alguma disciplina?
Sempre gostei de História.

Você gostaria de se formar em quê?
Em Geologia. Eu quero estudar nossos solos, nossos minérios. Faço bastante leitura sobre esse assunto.

Você teve a oportunidade de estudar?
Oportunidade eu tive, mas tive muita dificuldade para conseguir aprender as coisas.

Que dificuldades eram essas?
É que os outros queriam que eu aprendesse à força. Eu não estava preparado.

André, você foi abusado sexualmente na infância?
Teve um homem que fez mal para mim.

Você tinha que idade?
De 5 a 7 anos.

Onde acontecia o abuso?
Lá perto de casa, em um antigo matagal. Eu vivia me escondendo dele. Mas sabe como é, criança é besta para caramba.

O que ele te oferecia?
Oferecia linha e papagaio, que era o que eu gostava de brincar.

Quem era ele?
Meu vizinho. Eu tinha raiva dele.

Ele te ameaçava?
Me ameaçava e também minha família.

Você acha que ele fazia o mesmo com outros meninos?
Acho que sim.

O que aconteceu com ele?
Mataram ele (segundo André revelou à Polícia, esse homem se chamava Max, era traficante e foi morto por envolvimento com o tráfico).

Você tinha que idade quando ele foi morto?
18, 19 anos.

O que aconteceria se você o encontrasse?
Eu o mataria.

Quando você levava os meninos para a mata, você se lembrava do que aconteceu com você na infância?
Eu lembrava de tudo isso. Vinha à minha mente.

Aí você descontava nos meninos?
Era.

O que você diria agora para os pais dos adolescentes mortos?
Desculpa.

E para seus amigos?
(Silêncio por alguns instantes). Não tenho palavra.

Você é mentalmente sadio?
Sou sadio.

Se você pudesse voltar no tempo, o que você mudaria?
O dia em que me deu vontade de começar a fazer isso.

Era vontade ou necessidade?
Mais necessidade.

Você tinha que fazer, era mais forte que você?
Era.

Quem, afinal, é você?
O Andrezinho de infância, amigo, pronto para ajudar a qualquer momento, a qualquer hora. Sempre ajudei os outros. E sempre quem quebrava a cara era eu.

Como você se sente agora?
Livre.

Por quê?
Tirei um peso das pessoas, que queriam saber quem era o verdadeiro culpado.

Você acompanhava o noticiário sobre as mortes dos adolescentes?
Eu acompanhava. Eu escutava as pessoas falando. Via o noticiário na tevê.

E qual era a tua reação?
Eu sempre falava: quem será esse que está fazendo isso?

O que você tem a dizer, considerando essa outra pessoa em quem você se transformava?
Todo mundo merece uma segunda chance. Todo mundo, para aprender, tem que errar. Eu errei. Tenho que voltar e aprender tudo de novo.

A pessoa que cometeu esses crimes ficou conhecida como 'O Monstro da Ceasa'. Como você se sente ao ouvir isso?
Eu fico chateado. Não sou assim.

Você é um monstro?
Não sou um monstro.

O que você acha que vai acontecer com você a partir de agora?
Vou pagar pelos meus atos.

Como você acha que deve ser tratado a partir de agora?
Preciso de ajuda.

E o que você diria aos pais de uma maneira geral?
Dêem mais atenção aos seus filhos. Sejam presentes no que eles estão fazendo. Não os deixe só. Os pais devem escutar mais seus filhos.

Mas você era alguém de confiança, de quem ninguém nunca suspeitou de nada.
Eu era de confiança, mas não era da família deles.

Os pais devem confiar desconfiando, é isso?
É.

Como você quer que a sociedade te veja a partir de agora?
Quero que me vejam como uma pessoa simples, alegre, de família, que sempre respeitou todo mundo. Sou uma pessoa normal, como todo mundo. Eu estudo, trabalho...

O que você diria para alguém que passou pelos mesmos problemas que você?
Procure ajuda, custe o que custar.


Condenado inicialmente à 106 anos, foi reduzido para 104 anos de reclusão (pela atenuante da confissão), em 18 de novembro de 2008, pelo Primeiro Tribunal do Júri da Capital, em Belém/PA, sua sentença foi modificada em sede de Apelação, em 06 de outubro de 2011, para 86 anos de reclusão em regime inicialmente fechado.








Link da sentença: http://sdrv.ms/14PQHW9
Link da apelação: http://sdrv.ms/14PQGS5




Fonte: 

Tribunal de Justiça do Estado do Pará