O paranaense Adriano da Silva, entrou para a lista de serial killers após assassinar 12 meninos com idades entre 8 a 13 anos, em cidades do interior do Rio Grande do Sul. Como a maioria das suas vítimas foram em Passo Fundo, RS, onde os boatos sobre o assassino ganhavam contornos de realidade, ele ficou conhecido como “O Monstro de Passo Fundo”.
Em seu primeiro depoimento após ser preso, em janeiro de 2004, ele confessou as 12 mortes. Atualmente, afirma que confessou sob ameaças e assume apenas um assassinato.
Os crimes ocorreram entre 2002 e 2004, quando Silva tinha 25 anos. No entanto, o paranaense já era procurado pela polícia desde 2001, ao fugir da prisão de União da Vitória, no Paraná, onde cumpria pena por matar um taxista a facadas e ocultar o cadáver. Após a fuga, passou a viver no interior do Rio Grande do Sul, usando nomes falsos e fazendo pequenos trabalhos.
Os Crimes
No dia 16 de agosto de 2002, em Lagoa Vermelha, o menino de 12 anos, Éderson Leite, saiu de casa para vender rifas da escolinha de futebol e nunca mais retornou. Seu corpo foi encontrado três semanas depois do crime, no interior do município. Na primeira confissão em depoimento à polícia, Adriano disse ter levado Éderson a um lugar ermo, com a promessa de comprar uma rifa; chegando lá, aplicou um golpe na traqueias do menino para que desmaiasse e posteriormente o asfixiou com um cinto. Foi condenado em 12 de novembro de 2008, à 22 (vinte e dois) anos por furto, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver – processo n. 20300024106
Em 09 de março de 2003, Passo Fundo, o menino de 13 anos, Alessandro Silveira, engraxate, tinha como ponto principal a praça Tamandaré. Supostamente conheceu Adriano, sendo levado à uma área deserta, no bairro Petrópolis, onde foi estrangulado e violentado. Sua ossada foi encontrada no dia 20 de setembro de 2003, sendo reconhecido pelas roupas e calçados que usava quando sumiu. Pelo assassinato de Alessandro Silveira, Adriano foi condenado em 2006 à pena de 29 anos, 3 meses e 20 dias por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver – processo n.20500011097.
No dia 19 de abril de 2003, em Soledade, o menino Douglas de Oliveira Hass, 10 anos, foi atraído por Adriano até um moinho abandonado, onde foi morto por asfixia mecânica. Em depoimento, Adriano confessou que transportou o corpo de Douglas em um carrinho de mão até uma casa em construção, onde fazia bico como pedreiro, enterrou o corpo sob a churrasqueira e cobriu com cimento. A ossada de Douglas só foi encontrada pela polícia após a confissão de Adriano. Pelo crime, em 18 de junho de 2008, o júri de Soledade condenou Adriano à pena de 21 anos e 5 meses por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Em 09 de julho de 2003, Volnei Siqueira dos Santos, 12 anos, desapareceu em Passo Fundo. Vendedor de rapadura na região do bairro Nossa Senhora Aparecida, há contradição no depoimento de Adriano: primeiro, confessou o crime e disse ter violentado o cadáver do menino; depois, voltou atrás e confessou somente a violência sexual. Sete adolescentes foram presos, confessaram o crime, ficaram 45 dias detidos e foram soltos após revelarem que confessaram sob pressão policial. O DNA de Adriano foi encontrado no sêmen colhido nas roupas de Volnei, cujo corpo foi encontrado cinco dias depois do crime, em um mato da Vila Jardim – processo n. 20500015300.
Em 15 de agosto de 2007, Adriano foi condenado a 32 anos, 2 meses e 15 dias por homicídio duplamente qualificado, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver; em 2010, o julgamento foi anulado a pedido da defesa. Um novo júri popular aconteceu em 11 de outubro de 2011, mantendo a sentença anterior – sentença:http://sdrv.ms/19S6cex.
No dia 14 de setembro de 2003, o pequeno indígena Júnior Reis Loureiro, 10 anos, costumava ser visto vendendo artesanato em posto de combustíveis localizado às margens da ERS-153, na saída de Ernestina em Passo Fundo e conheceu Adriano, que prometeu vender os cestos para o menino. Adriano caminhou com a vítima por cerca de 500m até uma rua deserta, onde o asfixiou e matou. Para dificultar o encontro da vítima, colocou uma tábua sobre o corpo... disse à polícia que pensou em violentar o cadáver, mas teve nojo do cheiro do menino, cujo corpo foi encontrado no dia 22 do mesmo mês.
Em setembro de 2006, Adriano foi condenado à 21 anos e 8 meses pelo homicídio duplamente qualificado do menino – processo n. 20500011089.
Dia 29 de setembro de 2003, em Passo Fundo, o desaparecimento do menino de 11 anos, Jéferson Borges Silveira foi mais um caso emblemático, pois, um representante comercial de 48 anos chegou a ser preso pelo crime. Adriano assumiu o crime, mas voltou atrás e afirmou que só tinha mantido relações sexuais com o cadáver, que foi encontrado no dia 03 de outubro, em um mato da perimetral, sendo morto por estrangulamento. Foi condenado em 6 de outubro de 2010, à 37 anos de prisão.
Em 02 de outubro de 2003, em Passo Fundo, Luciano Rodrigues, 9 anos, que participava de programas sociais da Secretaria de Cidadania e Assistência Social e fora abordado por Adriano em uma dessas atividade, na Vila Xangrilá. Com a promessa de dinheiro, o menino seguiu Adriano por mais de 2km, sendo assassinado em um antigo campo do quartel, no bairro Nossa Senhora Aparecida... sua ossada foi encontrada em 29 de novembro. Pelo crime, Adriano foi condenado, em 2006, à pena de 37 anos, por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver – processo n. 2050001100.
No dia 03 de janeiro de 2004, em Sananduva,Daniel Bernardi Lourenço, de 14 anos, era vendedor de picolés e foi atraído por Adriano com uma encomenda de R$29 em sorvetes para uma suposta festa. Chegando ao local combinado, foi espancado e violentado sexualmente, sendo localizado seu corpo no dia do crime, o que deflagrou uma caçada ao então foragido, Adriano, preso três dias depois escondido em um matagal em Maximiliano de Almeida. A perícia comprovou, dias depois, que o sêmen encontrado nas roupas de Daniel era de Adriano, que foi condenado no dia 25 de outubro de 2007, à pena de 24 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado.
Condenação anterior
Adriano já havia sido condenado por latrocínio, formação de quadrilha e ocultação de cadáver no Paraná onde cumpria pena de 27 anos pela morte de um taxista. Adriano cumpriu apenas seis meses da pena, tendo conseguido fugir da prisão. Chegou a ser preso novamente, pela polícia gaúcha, durante investigações dos crimes dos meninos, mas foi solto por falta de provas nas acusações dos assassinatos, embora fosse um foragido procurado pela polícia paranaense. Desde, então, vagou pelo interior do Rio Grande do Sul sob nomes falsos e vivendo de bicos.
Detalhes dos Crimes
Adriano revelou detalhes sobre as mortes dos meninos; sem demonstrar qualquer emoção, disse como imobilizava suas vítimas e que só abusava sexualmente deles depois de mortos. Nunca levava nada das crianças.
Usava luvas e lenço para não deixar impressões digitais e disse que sentia uma “vontade íntima, um vício de matar”. O curioso é que, nos últimos meses, ele foi detido três vezes: uma por furto, outra por portar uma faca e uma terceira vez quando o avô de um dos meninos mortos suspeitou dele. A polícia nunca desconfiou estar diante de um foragido... Adriano disse ter perdido seus documentos, se identificou como Gabriel (nome de seu irmão). Em liberdade, Adriano matou mais uma vez e foi novamente preso com a ajuda de uma testemunha que viu a vítima com o assassino.
Antes, a série de assassinatos era tratada como fatos isolados; dez meses se passaram, com um total de 14 meninos assassinados ou desaparecidos na região e a insistência da polícia de que não havia ligação entre os casos. Adriano assumiu 12 dos quatorze assassinatos, inclusive alguns considerados esclarecidos pela polícia, além de confessar que era procurado desde 2001 por ter fugido da cadeia no Paraná pela morte do taxista.
Só atacava meninos de origem humilde, encontrados nas ruas, se utilizando a mesma técnica: atraía os meninos até locais desertos, onde os nocauteava com golpes de muay thai e as estrangulava com pedaços de corda. Em alguns casos, manteve relações sexuais com o cadáver da vítima, deixando no corpo dos meninos a prova que a polícia precisava para prendê-lo: seu próprio DNA.
As várias versões do Monstro
Na primeira versão apresentada, Adriano confessava o assassinato de 12, dos 14 meninos encontrados mortos na região norte do estado do Rio grande do Sul naquela época. O depoimento provocou alvoroço nas autoridades policiais da cidade, já que o criminoso confessava crimes até então atribuídos a outras pessoas. “A polícia de toda a região está sendo surpreendida, pois Adriano assumiu a autoria de crimes considerados esclarecidos, com inquéritos policiais encerrados e com pessoas já indiciadas”, dizia o jornal “O NACIONAL”, de Passo Fundo, em uma de suas edições. Prova disto é que a prisão de Adriano trouxe a Passo Fundo o delegado João Paulo Martins, então chefe do Departamento Estadual de Investigações Criminais. Foi ele quem concedeu a primeira entrevista coletiva, quando contou detalhes do depoimento do maníaco. Adriano disse à polícia que era procurado desde 2001, quando teria escapado de uma cadeia no Paraná, onde cumpria pena de 27 anos pela morte de um taxista. Desde então, circulou pelo interior gaúcho sob nomes falsos e vivendo de bicos.
Com frieza e sem demonstrar, em nenhum momento, arrependimento, confessou os crimes. Ele dizia apenas que o autor dos crimes não era ele, mas outro homem que estava dentro de seu corpo. Disse que teria cometido o primeiro da série de crimes contra meninos em agosto de 2002. A vítima escolhida foi Éderson Leite, 12 anos, que vendia rifas na cidade de Lagoa Vermelha. Depois, passou por Soledade, onde matou o menino Douglas de Oliveira Hass, 10 anos, cujo corpo foi escondido sob a churrasqueira de uma casa abandonada e encontrado apenas após a confissão do assassino. Outras três crianças foram mortas naquela cidade na época, mas os crimes foram atribuídos a traficantes.
Com o cerco apertando contra ele em Soledade, Adriano mudou-se para Passo Fundo, onde teria chegado no início de 2003, quando passou a frequentar locais como o Parque da Gare, onde se alimentava e dormia com moradores de rua. Mais tarde, alugou uma casa no bairro Santa Marta, região em que aconteceram quatro, dos seis crimes cometidos pelo maníaco na cidade.
As falhas de investigação policial são responsáveis por alguns assassinatos do Monstro
As falhas de investigação policial são responsáveis por alguns assassinatos do Monstro
Adriano da Silva, matou várias crianças sem ser importunado. A polícia, na verdade, nunca descobriu o assassino. Ele só foi preso porque o avô de uma das crianças, policial militar aposentado, investigou por conta própria, localizou o matador e o levou à delegacia local. Mesmo assim a polícia da cidade gaúcha foi preconceituosa. É o mínimo que se pode dizer de cada um dos integrantes da força policial de Passo Fundo. Ao serem confrontados com o então suspeito, liberaram-no. Detalhe: o criminoso estava sem documentos. A família, revoltada com o tratamento dispensado ao caso, começou a reclamar. Os policiais, então, passaram a espalhar pela cidade que o avô do menino desaparecido era 'louco e tomava Gardenal', além de outras bobagens.
Incompetente. Nada qualifica melhor o delegado Márcio Zachello, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul. A Revista ÉPOCA abordou este assunto, na edição número 292, apontando que o principal suspeito era Adriano da Silva - até porque ele havia sumido da cidade depois de ter sido liberado na delegacia, momento a partir do qual os crimes cessaram. O delegado minimizou a suspeita e justificou o comportamento do monstro à editora Eliane Brum, autora da reportagem: 'Ele só não apareceu porque ficou com medo ao ser ameaçado pela família do menino'.
Arrogante. A pecha cai muito bem ao secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Ferreira Delazari.
Adriano da Silva era foragido da prisão de União da Vitória, PR, condenado a 27 anos de detenção por matar um taxista a facadas, mas seus dados não estavam no Infoseg, o cadastro nacional que lista 7,5 milhões de criminosos, pois a Secretaria de Segurança resolvera, por conta própria, limpar seu banco de dados. A justificativa: para o governo paranaense era que o sistema nacional apresentava problemas e o melhor seria deixar seus dados à parte. Se o Infoseg é pior do que o sistema paranaense, não se sabe. Mas fica muito claro que, por conta dessa atitude, uma investigação foi atrasada e um assassino ficou solto por muito mais tempo que deveria.
Omisso. Assim se pode tachar o comportamento do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, no caso. Assassinatos em série não devem ser deixados na mão de policiais do interior, sem recursos humanos ou de perícia, cometendo uma trapalhada atrás da outra. A necessidade de ter a PF envolvida a fundo nessas situações fica ainda mais evidente quando se lembra que a polícia de Passo Fundo prendeu um representante comercial e apontou sete adolescentes como responsáveis por dois dos assassinatos.
Condenação e prisão
Até 2011 Adriano havia sido julgado e condenado pelo assassinato de 9 dos 12 meninos. Os casos foram julgados separadamente e já somam 250 anos de pena para o acusado. Atualmente Adriano da Silva cumpre pena na Penitenciária gaúcha de Charqueadas.
Adriano da Silva chega a fórum para júri por morte de menino, em Passo Fundo (RS)
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