Anestor Bezerra de Lima é escoltado por policiais militares no aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande: assassinatos em série
No dia 23 de julho, em Porteirinha, Minas Gerais, o taxista Edmárcio Martins, 22, foi assassinado; em Inhapim, Minas Gerais, o assassino pega o táxi de José Wanderley de Souza, no dia 5 de agosto... seu último contato foi num posto de gasolina. Segundo o frentista, José estava acompanhado de um rapaz, que estava muito agitado, andava de um lado para o outro.
Quatro dias depois, Hélio Gualberto Lord, 53, assassinado em Lassance, Minas Gerais; no dia 12 de agosto, atacou na capital, Belo Horizonte... o motorista Flávio Augusto de Souza também desaparece. No dia 19 de agosto, a vítima foi Willian Max de Souza Carvalho, em João Pinheiro.
Em agosto de 2004, um desconhecido chega à cidade de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais e contrata uma corrida de táxi para São Paulo. O motorista não pode viajar mas indica um amigo para fazer o serviço: Daniel de Souza Lima. Um dia depois, seu corpo é encontrado com um tiro na cabeça, em São Paulo.
Para a identificação deste viajante desconhecido foi, primeiramente, feito seu retrato falado através das orientações de quem o viu com os taxistas. A principal pista foi um número de telefone que o assassino deixou com uma mulher, em Minas Gerais: era de uma farmácia próximo à casa onde ele morou, em Diadema, São Paulo. Pela foto, os policiais identificaram Anestor Bezerra de Lima, com passagens por furto e estelionato.
Quando a mãe de Anestor foi levada à delegacia para depoimento, ele ligou cinco vezes para o delegado e ainda chegou a conversar com a família e amigos das vítimas, passando falsas informações. Se identificava como “Sargento Gabriel”, informando que “tinha ocorrido um acidente com uma van branca e que o Daniel (uma das vítimas) estava em coma em um hospital de Itajubá”.
Esta ligação tinha sido feita de Campinas, interior de São Paulo, no dia 28 de agosto... dois dias depois, um taxista de Campinas aparece morto na beira da estrada: Jaime Andrade da Silva, mineiro, 52 anos, sétima vítima de Anestor.
Josinei Alves de Oliveira, 25, foi contratado para levar Anestor de Ariquemes (RO) até Machadinho D'Oeste (RO) e posteriormente até Mato Grosso, em Colniza. No trajeto, Anestor o matou a tiros... em Porto Velho (RO), o taxista Alonço Eugênio de Melo, desaparecido no dia 09 de setembro e visto na companhia de um homem parecido com Anestor, segundo testemunhas, foi encontrado morto.
Anestor Bezerra de Lima é natural de Manga, no norte de Minas Gerais. Ex-motorista de ônibus, foi demitido por restrição em avaliação psicológica, desestruturação psíquica e comportamento de grandeza e hostilidade... não aceita ordens, regras e normas. Pedia às vítimas que o levasse até São Paulo, onde as matava com tiros na cabeça.
No dia 10 de setembro de 2004, Anestor foi preso entre as cidades de Machadinho D'Oeste (RO) e Colniza (MT), em uma barreira montada por quatro policiais militares próximo ao local onde ele tentou fazer sua décima vítima – que feriu Anestor no braço e na perna. Então, fugiu pegando carona com um caminhoneiro, que acabou parado no cerco. Com Anestor foram encontradas três carteiras de identidade e uma pistola, usada nos crimes.
Segundo um dos agentes da delegacia de Colniza, quando questionada se dava algum tipo de sonífero para suas vítimas, ele respondeu que o único sonífero que dava era “um tiro na cabeça”.
A polícia acredita que ele tenha cometido os crimes por interesse nos bens patrimoniais das vítimas, pois foi encontrado na conta do ex-motorista um depósito no valor de R$ 25mil realizado no dia 18 de agosto de 2004.
No dia 16 de setembro de 2004 o juízo da Comarca de Aripuanã autorizou a transferência de Anestor para São Paulo.
Acredita-se que Anestor esteja agindo desde 2000 e que, possivelmente, tenha matado mais de 20 pessoas.
Policial conduz Anestor Bezerra de Lima na sede da Polícia Civil, onde ele esteve para fazer identificação e deixar as impressões digitais
PROCESSOS
Vítima Josinei Alves de Oliveira – Comarca de Colniza/MT – artigos 157, §3º, 307 e 333 do Código Penal, e artigo 16, parágrafo único, inciso IV da Lei 10.826/03.
Processo n. 787-52.2005.811.0105 – julgado em 2006 e condenado à 26 anos e 2 meses de reclusão em regime inicial fechado, mais 6 meses de detenção em regime semiaberto, além do pagamento de 64 dias-multa, por latrocínio, falsa identidade, corrupção ativa e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Apelou desta sentença desejando a absolvição... porém, o Tribunal deu parcial provimento, absolvendo Anestor somente do crime de falsa identidade, pois “atípica a conduta do agente que, ao ser preso, atribui a si falsa identidade, ainda que tenha assim procedido para esconder passado criminoso, em respeito ao DIREITO DE AUTODEFESA e de NÃO SER OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI – nemo tenetur se detegere – (ver o acórdão: http://sdrv.ms/KdkxxX), readequando a pena para o quantum de 26 anos e 2 meses de reclusão, em regime inicial fechado, e pagamento de 64 dias-multa.
Nesse ano de 2013, foram impetrados Habeas Corpus e Mandado de Segurança em favor de Anestor, pedindo sua remoção da Penitenciária I de Balbinos para a Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé/SP, pois, “sua permanência no atual estabelecimento penal pode trazer riscos à sua integridade física”... foi INDEFERIDO o pedido (HC n. 0198451-20.2013.8.26.0000 TJSP).
Vítima: Hélio Ferro – Foro Criminal da Barra Funda/SP – art. 157, §2º, incisos I e II do Código Penal. Condenado à 5 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto, no dia 6 de dezembro de 2005. Processo n. 0074089-05.2004.8.26.0050.
Foro Criminal da Barra Funda – Processo n. 0006283-55.2001.8.26.0050 – furto; condenado em 9 de outubro de 2001 a 10 meses e 20 dias de reclusão, em regime inicial fechado.
Foro de São Bernardo do Campo – vítima: Flávio Augusto de Souza – Tráfico e uso indevido de drogas – condenado no dia 5 de outubro de 2007 à 30 anos de reclusão em regime integralmente fechado e pagamento de 16 dias-multa. Processo n. 0033973-64.2004.8.26.0564.
Foro de São Bernardo do Campo – vítima: Helio Gualberto Lorde – latrocínio – condenado em 12 de março de 2008 à 23 anos e 4 meses de reclusão, em regime fechado e 11 dias-multa. Processo n. 0033972-79.2004.8.26.0564.
Foro de São Bernardo do Campo – vítima: Edmárcio – homicídio simples – pronunciado no dia 9 de maio de 2008 (ver: http://sdrv.ms/JmAAbP). Processo n. 0033971-94.2004.8.26.0564.
Foro de São Bernardo do Campo – vítima: Maicon Ventura Santos – homicídio simples – Processo n. 0038125-58.2004.8.26.0564.
Foro de Itatiba – vítima: José Humberto dos Santos Freitas – homicídio; artigo 121, §2º, inciso III, 3ª figura, do Código Penal – Processo n. 0000068-44.2004.8.26.0281.
Tribunal do Júri de Rondônia – vítima: Alonço (ou Alonso) Eugênio de Melo – homicídio qualificado; artigo 121, §2º, inciso I e IV do Código Penal – condenação reajustada em apelação para 16 anos de reclusão (condenado inicialmente à 17 anos e seis meses de reclusão). Processo n. 0082038-96.2004.8.22.0501.
Ainda, pelo TJRO, foi condenado à 22 anos de reclusão e pagamento de 264 dias-multa pelo artigo 157, §3º, parte final do Código Penal, pela Vara Criminal de Machadinho D'Oeste, Processo n. 01920010000761. Latrocínio praticado contra a vítima Claudemir da Silva, taxista, no dia 14 de abril de 2001, por volta das 20h30. Claudemir viajava na companhia de seu irmão, Carlos Alberto que, a certa altura, pediu que parasse o carro por conta de uma dor de barriga, momento em que Anestor anunciou um assalto, amarrou ambos e disparou contra a cabeça de Claudemir... tentou atirar em Carlos Alberto, mas a arma não funcionou. A contratação desta corrida foi presenciado pelo pai de Claudemir, que reconheceu posteriormente o assassino de seu filho ao ver a notícia de sua prisão em Conilza, Mato Grosso.
Alguns casos ainda aguardam julgamento...
Fonte:
Hora do Povo – Tribunais de Justiça dos Estados de Rondônia e São Paulo
Correio Braziliense
Rondonotícias
Estadão
Diário do Grande ABC
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