Mary Flora Bell, ou May como era chamada, foi a mais jovem homicida da história, tendo cometido seu primeiro assassinato aos 9 anos de idade. Existe um livro que acompanha a vida de Mary desde o momento de seu julgamento até seus 45 anos de idade, o livro faz uma critica ao sistema penal britânico dos anos 60 que não tinha nenhum modelo de pena para um crime como esse, desse modo Mary sofreu incontáveis abusos e mudou totalmente de personalidade conforme a instituição na qual estava encarcerada no momento, chegou a ser masculinizada para ter um certo poder já adolescente na prisão juvenil, ficou presa até completar 23 anos, sem nenhuma ajuda psicológica em qualquer momento após o julgamento.
Mary Bell, menina inglesa de 2 anos (1968). Já nesta idade era muito diferente de qualquer outra criança. Nunca chorava quando se machucava e destruía todos os seus brinquedos. Aos 4 anos precisou ser contida ao tentar enforcar um amiguinho na escola. Aos 5 anos, viu um colega sendo atropelado e não demonstrou nenhuma reação emocional. Depois da alfabetização, ficou incontrolável: pichava paredes na escola, incendiou a sua casa e maltratava animais.
Mary Bell
Aos 11 anos, Mary matou por estrangulamento Martin Brown de três anos de idade em 25 de maio de 1968 e o jogou do segundo andar de uma casa abandonada.
Dois meses depois matou Brian Howe de quatro anos de idade em um local perto de uma linha de trem onde outras crianças costumavam brincar em meio a carros abandonados. A menina, após estrangular e perfurar as coxas e genitais do menino,, perfurou a letra "M" em sua barriga.
Martin Brown e Brian Howe
Antes de ser julgada, Mary foi avaliada por psiquiatras e psicólogos e teve como diagnóstico um gravíssimo transtorno de conduta. Foi condenada, mas foi liberada em custódia em 1980, aos 23 anos. Mary Bell foi condenada por asfixiar Martin Brown em 25 de maio de 1968, um dia antes de seu 11º aniversário. Matou ajudada pela amiga Norma Bell. Suas duas vítimas tinham 3 e 4 anos, também foi acusada de tentar estrangular quatro outras meninas.
Norma Bell
Mary e Norma aterrorizavam as crianças do bairro, sempre batendo e as humilhando, Norma tinha 13 anos e mesmo por ser mais velha era cruel com as crianças menores, mas Mary queria mata-las. Em 11 de maio as duas brincavam em uma velha casa aos pedaços quando o primo de Norma, com apenas 3 anos, sofre um grave ferimento na cabeça as garotas afirmaram que ele havia caído pelas escadas da casa. Na verdade as garotas o jogaram de um barranco esperando que ele morresse o que ameaçaram fazer se ele contasse a alguém o que realmente havia acontecido naquela tarde.
No dia seguinte Mary e Norma "atacaram" 3 meninas de 6 anos, Mary se aproximou de uma delas enquanto brincavam e apertou seu pescoço com força, Norma fugiu. A policia foi chamada e conversaram com as garotas sobre sua violência brutal com os mais novos.
Norma Bell
Norma Bell
Norma Bell
Martin Brown, a primeira vitima fatal
Dois meninos que brincavam em uma casa em ruínas se deparam com o corpo sem vida de um garotinho loiro. O menino era Martin George Brown, ele foi achado próximo a uma janela, com sangue e saliva escorrendo pelo seu rosto. Eles alertaram operários que trabalhavam ali por perto, um deles tentou reanimar o garoto sem sucesso, já estava morto.
Um dos rapazes percebeu quando Mary e Norma se dirigiam para o interior da casa. Mary tinha a intenção de mostrar a amiga seu "trabalho" bem sucedido, mas não conseguiram entrar na casa naquele dia.
As meninas então decidiram avisar a tia de Martin, dizendo que uma criança havia sido encontrada morta e parecia ser o garoto.
No dia 30 de maio Mary visitou a mãe de Martin e perguntou se podia ve-lo, a mãe do garoto disse que era impossível pois Martin estava morto, Mary então respondeu:
"Eu sei que ele está morto, queria vê-lo no caixão."
Dias depois, professores da escola em que Mary e Norma estudavam encontram bilhetes em papeis espalhados pelo chão vandalizado, nestes haviam mensagens grosseiras e confissões de assassinato.
"I murder so THAT I may come back"
"Fuck of we watch out Fanny and Faggot"
"we did murder Martain Brown Fuck of you bastard"
"you are micey becurse we murdered Martain Go Brown you Bete look out there are murders about by fannyand and faggot you screws"
"Eu mato para que possa voltar"
"Foda-se, nós matamos, cuidado, Fanny e Faggot"
"Nós matamos Martain Brown, foda-se seu bastardo"
"Vocês estão ferrados, nós matamos Martains Brown, você, Bete, procure por aí, HÁ Assassinos por Fanny e Faggot, seus idiotas"
A Policia coletou as notas ameaçadoras. Mais tarde May e Norma assumiram que elas vandalizaram a escola, logo após a escola instalou um sistema de alarme.
Um dos bilhetes encontrados na escola
Segunda Vitima e Investigação
Pat Howe procurava seu irmão, Brian de 3 anos quando Mary perguntou “Você está procurando o Brian?” e ofereceu-se para ajudar nas buscas. Mary, Pat e Norma seguiram para um terreno baldio cheio de blocos de concreto, pois Bell disse que o menino poderia estar brincando ali. O corpo de Brian foi encontrado às 23:10, Mary Bell conduziu Pat até ali para ver qual seria a sua reação.
Mary Bell estrangulou até a morte Brian Howe, de 3 anos. Além de estrangulá-lo, a pequena Mary Bell ainda fez cortes em suas pernas e furou seu abdômen marcando um M. O corpo do menino estava coberto de grama, e uma tesoura foi encontrada ao lado do corpo.
Na foto: Os pais de Martin Brown, Sr. e Sra. George Brown e sua filha.
No verão de 1968 a polícia começou a interrogar os moradores de Scots Wood, principalmente as crianças. No total, mais de 1200 crianças foram ouvidas. O primeiro ponto da polícia foi o depoimento de Norma Bell, ela disse ter estado presente quando Brian foi morto, e disse que um menino matou o garoto. Mary também disse que no dia do crime viu um menino agredindo Brian aparentemente sem motivo, ela também alegou que viu o menino com uma tesoura quebrada. Estava claro que as duas meninas haviam visto Brian sendo assassinado. Antes do enterro de Brian, os policiais interrogaram Norma novamente; dessa vez ela entregou Mary, dizendo que ela havia matado Brian e que levou ela e Pat para o local do crime.
Mary e Norma foram presas no mesmo 7 de agosto, durante a noite.
Mary era uma menina inteligente, divertia-se esquivando das perguntas dos policiais. Durante o seu julgamento Mary chegou a declarar:
"Eu gosto de ferir os seres vivos, animais e pessoas que são mais fracos do que eu, que não podem se defender"
Influenciando para que a mesma fosse condenada a prisão por tempo indeterminado, mediante avaliações psiquiátricas.
“Ela não demonstrou remorso, ansiedade ou lágrimas. Ela não sentiu emoção nenhuma em saber que seria presa. Nem ao menos deu um motivo para ter matado. É um caso clássico de sociopatia,” disse o psiquiatra Robert Orton em seu laudo psiquiátrico. Sociopatia e psicopatia são termos equivalentes na psiquiatria. Alguns especialistas defendem que ambos são transtornos diferentes, já outros dizem tratar da mesma coisa.
Mary e Norma foram a julgamento pelas mortes de Brian Howe e Martin George Brown no dia 5 de agosto de 1968, o julgamento durou dias. O promotor de acusação Rudolf Lyons comentou sobre o comportamento mórbido de Bell de caçoar da dor dos familiares da vítima; citou também o conhecimento de Bell sobre o estrangulamento de Brian, pois não foi publicamente comentado a causa da morte do garoto.
A casa demolida, que ficava por trás desta loja, foi a casa de assassinato, onde Martin Brown morreu. Na foto: dezembro 1968.
Na foto: A casa em Lord Street, Allerton, Derby, onde Mary Bell foi presa, agosto 1968.
Foto:. A casa demolida onde o corpo de Martin Brown foi encontrado.Em 25 de maio de 1968, um dia antes de seu aniversário de 11 anos, Mary Bell estrangulou Martin Brown nesta casa abandonada.
Peritos encontraram fibras de lã cinza nos corpos de Brian e Martin que eram compatíveis com uma blusa de lã pertencente a Mary, e fibras marrons de uma saia de Norma foram encontradas em um dos sapatos de Brian. Peritos em caligrafia também analisaram os bilhetes deixados na creche vandalizada, e eles confirmaram que Norma e Bell escreveram os recados. A promotoria culpou Mary de influenciar norma nos atos ilícitos.
O veredicto saiu em 17 de Dezembro de 1968: Norma foi inocentada de todas as acusações; Mary Bell, culpada foi condenada por assassinato em função de redução de responsabilidade. Mary Flora Bell foi enviada para a Red Bank Special Unit, uma clínica altamente segura e de certa forma confortável. Ela ficou sob os cuidados de James Dixon, que de certa forma lhe serviu como um pai.
Ela também recebeu visitas da mãe, Betty; que ao perceber a aparência masculinizada de Bell disse: “Jesus Cristo, o que ainda vai ser? Primeiro assassina, agora lésbica?”
Jornal da época diz que Mary é uma psicopata perigosa
Infância Conturbada
Nascida em um lar completamente desestruturado, era filha ilegítima de Beth Bell, uma prostituta de 17 anos de idade e mentalmente perturbada, além de ser ausente. Bell nunca chegou a conhecer seu pai. Mary e seus irmãos tratavam o padrasto, Billy Bell, como tio, pois assim a mãe dela receberia auxílio do governo.
Durante a infância, Mary era constantemente humilhada pela mãe devido ao fato de urinar na cama. Betty esfregava o rosto da filha na urina e pendurava o colchão molhado ao lado de fora para todos verem.
Beth também levou a filha para uma agência de adoção, mas não conseguiu que a filha fosse adotada. Beth aplicava castigos severos; nas inúmeras tentativas de se livrar de Mary, entupiu a menina de remédios fazendo com que Mary fosse parar no hospital para fazer uma lavagem de estômago por mais de uma vez, a mãe de May fazia de tudo para o ambiente familiar ficasse perigoso o bastante para que ela se "acidentasse" deixando a pequena menina praticamente jogada pelos cantos sem supervisão ou cuidado algum, na maior parte do tempo Betty sentia um ódio inexplicável por May, que foi salva de ser assassina por sua mãe ainda bebe graças a parentes e vizinhos um pouco atentos. O mais perturbador para Mary era quando Beth permitia - forneceu o consentimento - que ela fosse abusada sexualmente, sendo forçada a participar dos jogos sexuais da sua mãe com os clientes diversas vezes. Isso tudo antes dela completar 5 anos de idade.
Com isso Mary desenvolveu seu passatempo favorito: maltratar animais. Além disso, ela adorava espancar suas bonequinhas e não chorava quando se machucava. Aos 4 anos tentou matar um coleguinha enforcado e aos 5 presenciou sem nenhum tipo de emoção o atropelamento de um outro amiguinho. Depois que aprendeu a ler ficou incontrolável. Pichava paredes, incendiou a casa onde morava e torturava animais com maior frequência.
Mary Bell com 16 anos
Em 1973, Mary foi transferida para a prisão de Moor Court Open; essa mudança provocou efeitos negativos em seu comportamento. Em 1977, Mary Bell fugiu, perdeu a “virgindade” e foi recapturada alguns dias depois. Ela afirmou que tentou engravidar, e seu companheiro vendeu sua história para os tablóides.
Liberdade
O tempo passou e após muitos tratamentos e avaliações ela foi liberada em 14 de maio de 1980, com 23 anos. Teve alguns empregos que não foram bem sucedidos, em parte pela preocupação de que voltasse a transgredir, como quando arranjou emprego em uma creche. Mary então arrumou outro emprego como garçonete. Mais tarde casou e engravidou e devido ao seu passado teve que lutar pelo direito de criar sua filha, a qual nasceu em 1984. De certa forma os anos de tratamento surtiram efeito, Mary tornou-se uma mãe amorosa.
Mary Bell recapturada 3 dias após sua fuga
Ela tem sua nova identidade e endereço mantidos sob sigilo pela “Ordem Mary Bell”, uma Lei criada em 21 de maio de 2003 na Inglaterra que protege a identidade de qualquer criança envolvida em procedimentos legais. Apesar disso continuou tendo problemas com a vizinhança que sempre descobria sua verdadeira identidade. Mary não se livrou de seu passado macabro. Em 2007, depois da morte da sua mãe Mary Bell aceitou ser entrevistada, pela jornalista Gitta Sereny, resultando no livro “Gritos no Vazio” que contém sua biografia escrita pela mesma jornalista. Mas o governo inglês evita a comercialização da obra, tentando mantê-la apenas nas mãos de pessoas que estudam temas ligados à psicopatia.
Acredita-se que o livro rendeu um bom dinheiro à Bell, e tanto esse dinheiro quanto o anonimato causaram controvérsias, principalmente entre os familiares de Martin e Brian.
As últimas notícias que se tem dela é que hoje ainda está casada, é avó e vive sob o medo da exposição.
Bell já adulta
O livro conta com riqueza de detalhes e cuidadosa análise, a vida de Mary Bell, quem, aos onze anos, matou dois garotinhos em uma pequena cidade do Norte da Inglaterra. A autora promove cuidadosa reconstituição dos fatos que levaram Mary Bell à prisão perpétua, de sua vida como detenta, de sua libertação em 1983 e de sua vida atual, aos 45 anos, casada e mãe de uma adolescente.
Além de revelar a tragédia que envolveu Mary Bell e as duas crianças, a autora busca, através da reflexão sobre a experiência de Mary quando criança (vítima de abuso sexual promovido pela própria mãe), analisar o sistema judicial em sua relação com crianças.
Mary Bell depois de solta aos 23 anos de idade
Sem render-se a dramatizações desnecessárias, Gitta Sereny apura fatos, entrevista envolvidos na história para, unindo dados colhidos por ela desde a época do julgamento e da condenação de Mary Bell, em 1968, à entrevista que ela própria concedeu à autora, fornecer um relato detalhado, comprovado por documentos, cartas, poemas e, ao mesmo tempo, rico em sentimentos. O livro, portanto, traz relatos de Mary feitos desde sua entrada na prisão até bilhetes que escreveu (reproduzidos em um apêndice) contando como ocorreram os crimes. A autora confronta psicólogos e psiquiatras com esses relatos, buscando explicações e entendimento sem, jamais, tentar justificar-lhe os atos, ainda que sem recriminá-los.
Para o leitor em geral, este é um relato de fantástica experiência de vida, com altos e baixos e nuances diversas que ligam o ser à sociedade. Para profissionais da Psiquiatria, Psicologia, Direito e Educação, trata-se de um ponto fundamental de discussão sobre a formação do sujeito psíquico e suas relações com a lei.
Susan Cornish e Cindy Heller, as crianças que foram atacados por Norma Bell e Mary Bell. Fto: 18 de dezembro de 1968.
Susan Cornish e Cindy Heller, as crianças que foram atacados por Norma Bell e Mary Bell. Fto: 18 de dezembro de 1968.
Susan Cornish e Cindy Heller, as crianças que foram atacados por Norma Bell e Mary Bell. Fto: 18 de dezembro de 1968.
Mãe de Martin Brown com a foto de seu filho
Fontes consultadas:
www.alamy.com
www.thejournal.co.uk
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